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Os filhos prodigos - Mario Persona

Os filhos pródigos - Mario Persona



https://youtu.be/V9sgWaohPdo

Os filhos pródigos
Mario Persona

Estava passeando pela cidade de Ipuã e chamou minha atenção a cor da terra em alguns terrenos vazios. Eu venho de Limeira, interior de São Paulo e lá a terra é vermelha. Em Ipuã é roxa, escura. Não entendo nada de terra mas acho que esta é muito fértil. O agricultor  procura este tipo de terreno quando deseja plantar, e não um solo arenoso ou com pedras, porque se fizer isso, nada acontecerá, mas colocando numa terra fértil, ela vai fazer brotar e dar muito fruto. Espero encontrar hoje corações de terra roxa, terra fértil, que recebam a palavra de Deus e que esta possa germinar. Corações que recebam o evangelho de Deus e que ele possa fazer efeito nessas vidas.

Li certa vez, de um pregador do evangelho que foi fazer pregação em uma cidade e que lá alguns amigos convidaram um homem para ir junto, ele foi somente por educação, mas decidido a não escutar a pregação. Só que Deus é muito maior que nossas intenções e teimosia. A decisão desse homem era tão forte que quando começou a pregação, ele tapou os dois ouvidos e passou o tempo todo assim para não escutar nada. Até que uma mosca pousou no seu  nariz e ele fez um movimento com a mão para espantá-la. Neste momento, o pregador estava lendo um versículo em Mateus 13:9 que diz "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." Ele não conseguiu colocar de novo o dedo no ouvido. Ouviu até o fim e se converteu. Deus sabia como fazer para acertar na mosca! Ele realmente precisava ouvir a Palavra. Essa passagem em Mateus nos fala de uma coisa muito importante, mas antes queria chamar a atenção para o significado da palavra evangelho. Esta palavra vem do grego e significa boa notícia ou boas novas. Se eu perguntar a você se deseja ir para o céu, se quer ser salvo,  sua resposta será muito provavelmente, positiva. Então começo a lhe falar que tenho uma boa notícia para você. A partir de hoje você não pode fazer isso, nem aquilo e ainda lhe dou uma lista enorme com muita regras. - Ora - você diria-  isso não é uma boa notícia! E você estaria coberto de razão, isto seria uma péssima notícia! Afinal, se há uma lista cheia de obrigações, não é uma notícia boa, porque sei que sou incapaz de cumprir todos os itens que constam ali. Mas quando o evangelho é trazido, ele é boa notícia. Não há listas! O evangelho é a boa nova de que Jesus morreu na cruz para pagar pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia para a nossa justificação. Quem dá uma lista para as pessoas, é a religião, e as pessoas tentam cumprir e não conseguem. Algumas tornam-se mentirosas e fingidas, fazendo de conta que conseguem, colocando-se superiores aos outros, assim condenando os outros que não podem obedecer todos os itens daquela lista. Isto é religião. Se uma cidade que estivesse sendo sitiada por um grande exército inimigo, fosse avisada pelo seu mensageiro que a guerra acabaria se eles acatassem todas as ordens contidas numa lista fornecida pelo adversário, a população perceberia que seria impossível cumprir com tudo aquilo. Note a lista, não se trata de uma boa notícia, é religião! Mas não vamos falar de religião aqui, mas de salvação e do evangelho, de uma, verdadeiramente, boa notícia. Evangelho de verdade, bíblico, seria o mensageiro chegar comunicando que o inimigo foi derrotado. Nosso inimigo, o pecado e a morte, foi derrotado há dois mil anos na cruz do Calvário.

Durante a época da Reforma protestante, quando algumas pessoas entenderam que a salvação era pela fé em Cristo e não seguir listas ou  fazer obras, havia um homem que estava desesperado para ser salvo. Ele ia a muitos lugares procurando saber o que precisava fazer e ouvia muitas coisas, até que alguém lhe recomendou falar com algumas pessoas que pareciam ter umas ideias diferentes. Ele viajou por vários dias, por longos quilômetros, e chegou a casa da pessoa que tinha sido indicada. Quando foi atendido, explicou que queria ser salvo e gostaria de saber o que fazer. A pessoa que o atendeu falou: - “ah, meu amigo você chegou tarde”. Ele retrucou dizendo que faria qualquer coisa, pagaria o que fosse preciso, que daria esmola, mas precisava saber o que fazer para ser salvo. A pessoa continuou dizendo que ele havia chegado dois mil anos atrasado - na verdade eram 1500 anos na época dessa história – porque tudo o que precisava já foi feito na cruz do Calvário. Agora bastava ele crer nisto, e aceitar a Jesus como seu Salvador.

Uma outra coisa importante também está na parábola que leremos agora. Parábolas são histórias paralelas que ajudam a melhor ilustrar alguma coisa. Usamos parábolas na nossa vida, às vezes para explicar algo. Os professores de matemática dizem, por exemplo: Joãozinho tinha dez laranjas, vendeu 5, com quantas ele ficou? Ele está usando uma parábola, uma historinha para explicar matemática. O Senhor Jesus falava assim. As pessoas cometem um grande engano ao pensar que ele falava por parábolas para simplificar as coisas, de forma que  as pessoas entendessem. Aqui mesmo, onde estamos, em Mateus 13, ele explica porque falava em parábolas. Mateus 13:13  "Por isso, lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem.E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou os olhos, para que não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e compreenda com o coração, e se converta, e eu o cure. Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem."  Espero que aqui não haja ninguém com o coração endurecido como esses fariseus de quem Jesus estava falando. Eles eram religiosos judeus que não entenderiam nada das suas parábolas. Acontecia sempre, de Jesus logo depois, explicar à parte, para os seus discípulos, que eram aqueles que estavam com o coração receptivo, o que aquela parábola queria realmente dizer. Logo, é necessário um coração de terra roxa para isto acontecer.

Vamos começar lendo aquela que é geralmente chamada a parábola do filho pródigo. Eu não gosto desses títulos que alguns editores colocam a fim de que a Bíblia fique mais bonita. Na impressão,  alguns subtítulos são inseridos, mas esses não existem no texto bíblico. No caso específico, em algumas versões está escrito “parábola do filho pródigo”. Na verdade, este subtítulo está errado, porque trata da parábola dos filhos pródigos, ou melhor ainda, a parábola dos filhos e do pai pródigos. Porque há três pródigos aqui. Pródigo não é um elogio, não tem relação com prodígio. Pródigo significa uma pessoa que gasta muito, que não economiza, que esbanja. No contexto do que vamos ler em Lucas 15, o Senhor Jesus está contando esta parábola não para prostitutas e ladrões, mas para os fariseus, que eram os religiosos judeus mais restritos da religião mais restrita que havia, ou seja, aqueles que procuravam ser justos ao máximo, fazer tudo corretamente, aqueles que realmente queriam agradar a Deus à sua maneira. Lucas 15:

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho." 

A recepção aqui foi tão grande que ele nem tem coragem de falar, “faze-me como um dos seus trabalhadores”. Ele ganha um beijo.  "Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se. E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado."

Esta parábola geralmente é contada com uma ênfase grande no filho que foi embora e gastou tudo,  mas eu creio que a mensagem não é somente esta. Acredito que a intenção do Senhor Jesus quando falou isto aos fariseus, não era essa. Porque eles não eram do tipo de sair e gastar tudo com prostitutas. Eles não eram assim, eram homens íntegros, respeitados na sociedade e muito religiosos, logo não eram esse filho pródigo que saiu. Lemos que o filho que deseja sair da casa de seu pai, pede uma coisa estranha. Pense bem, quando recebemos uma herança de um pai? Obviamente, quando o pai morre e os seus bens são repartidos entre os filhos. Aqui, quando esse pai morresse, a metade de sua heranca iria para um filho e  metade para outro. Na verdade, naquele tempo iriam dois terços para o filho mais velho e um terço para o mais novo.

Mas vamos supor metade para cada um, conforme seria na nossa sociedade hoje. Quando o filho pede para o pai a sua parte da herança, ele está dizendo em outras palavras: pai, eu quero que você morra. Esse é o sentimento dele. Seu pai é um estorvo na vida dele porque enquanto estiver vivo o pai, o filho não pode viver a vida que deseja, não pode esbanjar o que tem, nem sair com mulheres, ir às festas, enfim. Ele precisa que o pai morra. Mas, talvez ele não chegue a esse ponto, então pede ao pai que divida o que tem ainda em vida. Mas se o pai fizer isso, ficará sem nada! Lembre-se o que ele fala para o outro filho: Filho tudo que eu tenho é teu. Porque quando ele divide e dá ao filho que vai embora a sua  parte da herança,  a outra parte é do filho que ficou, logo, o pai entregou tudo o que tinha. E esse filho esbanjador quando vai embora, gasta tudo que tem e um dia cai em si. Percebe o quanto errou e decide voltar, se sujeitando até a ser tratado como um dos servos do seu pai. Se tudo tivesse corrido bem, teria ele voltado?

É comum vermos no telejornal um assaltante preso, dizendo ao jornalista que está arrependido do que fez. Isso não é verdade, ele está arrependido do que deu errado. Se não tivesse sido pego ele não estaria assim. Então, o arrependimento do homem, a menos que seja operado por Deus, é um ato interesseiro, que só ocorre porque as coisas não sairam como se esperava. É como esse filho que volta para casa acreditando estar arrependido. Ele só poderá realmente conhecer o que é arrependimento quando tiver um encontro com o amor. Porque o amor é o que faz a diferença, é ele  que quebranta qualquer alma, qualquer coração. E é o amor do pai que faz a grande diferença na parábola. Quando o filho está voltando, longe ainda, o pai o vê, talvez pela porta ou pela janela, e o que ele faz? Bate a porta, dizendo que o filho desobediente não merece nem mesmo um teto para dormir? Não; o pai tampouco espera o filho chegar! É ele quem sai correndo na direção do filho. Aquele era um homem rico e importante na sua sociedade. Tinha as suas vestes compridas, deve ter puxado-as para cima, para melhor poder correr. Correr não era uma coisa de gente importante, era de servos. Esse pai se sujeita ao vexame, à humilhação, para ir buscar seu filho onde ele está, longe da casa. E quando se encontram, ele abraça seu filho e o beija.

Esse é o encontro que Deus quer ter com o pecador, não importa quem ele seja. Deus vem ao seu encontro, busca você, vê onde você está e corre na sua direção. Deus não irá te repreender, mas vai te beijar. Deus é um Deus de amor, um Deus de perdão. Ele pode perdoar inclusive, sem passar por cima da Sua justiça. Ele pode ser justo e misericordioso para com aqueles que são pecadores. E o pai o abraça e o beija, manda trazer vestes novas, vestidos limpos. Imagine como estava uma pessoa que vivia entre os porcos, imundo certamente. Mas o pai cuida disto também, não foi o próprio filho que fez algo, ele não se limpou a si mesmo! Não ficou remendando a sua roupa dizendo que deveria aparecer com melhor aparência diante do pai. Isso é religião. A religião tenta juntar trapos para se apresentar a Deus. Como Adão e Eva quando cairam no jardim do Éden e fizeram um avental de folhas de figueira. Quanto tempo dura um avental desses? Para cobrir a sua nudez Deus precisou matar um animal inocente, tirar a pele para fazer roupa para Adão e Eva que haviam pecado. Deus cobriu o pecado deles através da morte de um animal inocente, porque a própria providência que eles tomaram de se cobrir não valeu nada. O pai cobre esse filho então com uma roupa limpa e coloca um anel no seu dedo como sinal de aliança. O filho nem fala o que tinha planejado - faze-me como um dos teus diaristas- Engole as suas palavras. Agora sim, ele está realmente arrependido, encontrou o imenso amor do pai, ele jamais poderia esperar tal recepção. Ele confessa o seu pecado.

Então nós nos achegamos a Deus contritos, confessando o nosso pecado diante de dEle. Inimigos de Deus, foragidos, e recebemos esse tratamento de amor. O pai coloca um anel na mão do filho dando a entender que havia agora uma aliança com ele e sandálias nos pés, para mostrar que aquele filho iria andar doravante fora da poeira deste mundo, separado da sujeira. O pai iria providenciar tudo para ele manter-se limpo e separado da poeira. “Trazei o bezerro cevado, matai-o. É festa! Comamos e alegremo-nos porque esse meu filho estava morto e reviveu. Tinha se perdido e foi achado e começaram a se alegrar”. Mas esse é o filho perdulário, aquele que foi viver a vida do jeito que quis. Mas havia o outro filho. O que ficou em casa, o  obediente, o bem vestido, o  que não foi atrás de nenhuma prostituta. O filho que fala: pai, eu sempre cumpri os teus mandamentos, te obedeci fiquei em casa, não saí. Por que então esse outro seria também um filho pródigo? Porque esse filho mais velho é exatamente igual ao primeiro. É importante entendermos que seria obrigação dele, por ser o filho mais velho, sair à procura do seu irmão. Aparentemente ele não fez isso.

No versículo 25 lemos "E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo." Um bezerro cevado naquele tempo devia custar dinheiro porque na economia daquela época usava-se muito pouco dinheiro, pois este era terra e animais. O cartão de crédito andava, literalmente, naquele tempo, era gado levado de uma parte a outra. Quando  compras eram efetivadas, o pagamento era feito com bois, ovelhas ou camelos. Também as pessoas não comiam muita carne, mas sim, cereais, leite, queijo, coalhada assim como é até hoje a alimentação típica do Oriente Médio,  baseada em cereais, trigo, pão, cevada, centeio e ervas e derivados do leite. Quando matavam os animais era porque havia uma comemoração. Primeiro porque não existia geladeira, a não ser que salgasse a carne para ser guardada, então teria que ser numa ocasião festiva onde toda a comunidade era convidada a celebrar. Aqui  esse bezerro cevado é para celebração, devia ter muitos convidados na casa.

E o filho que chega, vê a festa, escuta as músicas e chama um servo para perguntar o que está acontecendo ali. Descobre que o pai matou um bezerro porque recebeu de volta seu filho, são e salvo. Mas o filho fica  indignado e não queria entrar. Veja, o filho que estava perdido vem para a casa do pai e quer entrar e esse outro vem para casa do pai e não quer entrar, quer ficar do lado de fora da casa do pai porque está chateado com ele. Não gostou nem um pouco do que o pai fez. Mas o pai sai ao seu encontro, no versículo 28 " E, saindo o pai, instava com ele." O pai saiu para buscar o filho mais novo que estava chegando e também saiu para buscar o filho mais velho. O pai sai sempre, ele é quem busca. O amor do pai não quer que nenhum fique do lado de fora, quer trazer todos para dentro. Há um versículo que fala que Deus quer que a sua casa se encha, não quer que nenhum se perca. Ele convida a todos. Infelizmente, muitos são como esse filho mais velho e não querem entrar, estão indignados. "Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me" Alegrar-se com o pai? Não; "com os meus amigos." A diferença de um filho para o outro é só os amigos. Um era amigo da prostituta, o outro era amigo da sua turma certinha, mas os dois queriam se alegrar com os amigos. O primeiro queria a parte da herança para esbanjar com os amigos e amigas. O outro, ficou em casa, obedeceu em tudo, porque estava de olho em quê? Em se alegrar na companhia e no amor do pai? Não; ele queria também gastar, nem que fosse um cabrito, com seus amigos. É também pródigo, porque também deseja gastar.

No mundo existem pessoas que saem por aí acabando com tudo o que tem. Você deve conhecer alguns. Caem nas drogas, na bebida, na prostituição e são vistos até como perdidos, pecadores. E tem outros que  vão a igreja todas as noites, todos os domingos, andam com a Bíblia embaixo do braço porque querem ganhar prosperidade. Eles querem ficar mais ricos, querem uma bênção de Deus, um privilégio, uma cura, um marido, uma esposa, dinheiro, riqueza, um carro importado ou uma empresa, eles querem isto. Não é a mesma coisa? Ambos estão usando Deus. Um pegando aquilo que Deus naturalmente dá ao homem: saúde, vigor, juventude para gastar nas coisas e o outro usando Deus, esperando que Deus o abençoe para ter uma vida confortável. Usam Deus de maneira diferente, um de maneira liberal e o outro, de uma maneira religiosa, o que é tão vil quanto a outra maneira. Quando essa parábola foi dita aos judeus religiosos eles eram esse filho mais velho e estavam escutando da boca de Jesus um retrato deles. Usavam Deus. Pai, eu te obedeci, fiz tudo o que era certo. Deus estaria perguntando então: você acha que estou devendo alguma coisa para você? Quando você faz coisas que a religião  pede, quando dá esmolas, é religioso, lê a Bíblia, vai a uma igreja, dá um dízimo, ajuda aqui e ali, faz caridade para receber alguma coisa, veja que você está colocando Deus na condição de seu devedor. É como se um dia você chegasse depois de fazer tudo isso e dissesse para Deus que O obedeceu, que a sua parte está toda pronta. Mas Deus não deve nada a ninguém! Deus não pode ser nosso devedor, jamais.

Mas isso é o que esse filho mais velho faz. O pai explica que tudo o que tem é dele. E era mesmo, o pai ficara sem um tostão quando dividiu sua herança e esse pai é também pródigo, porque ele gastou tudo em benefício dos seus filhos. Infelizmente, faltava aqui um outro irmão para esse perdido que foi embora. Era papel do irmão mais velho ir buscá-lo. O mais velho da história era tão ruim e tão perdido quanto ele. O primeiro foi salvo, o segundo nós não sabemos. Até onde termina a parábola ele não foi. Apesar de ser muito fiel e obediente. Um perdeu-se por causa das suas más obras e o outro por causa das suas boas obras. Faltava mais um filho aí. Falta um filho que infelizmente ele não tinha, mas que Deus tem.

Deus enviou um dia o seu Filho ao mundo. Deus que é um Pai pródigo, porque pegou o que tinha de mais precioso, o seu próprio Filho, e desperdiçou com pecadores perdidos, com inimigos de Deus. Enviou seu Filho Jesus ao mundo, para morrer por pessoas boas? Investindo em pessoas que pelo menos iriam dar um certo retorno? Não; por  pecadores. Porque a Palavra de Deus diz em Romanos "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Todos estão separados da glória de Deus, todos estão avessos a Deus, todos são inimigos de Deus por natureza.

Pessoas me escrevem perguntando por que Deus deixa acontecer isto ou aquilo, tantos crimes, tantos roubos, tantos inocentes morrendo. Ora, Deus criou o mundo e o homem, e deu tudo para esse homem que falou em retorno a Deus: Não te quero, quero seguir o meu próprio nariz, quero fazer a minha própria vontade! Ele caiu na conversa de Satanás que disse a Eva que eles seriam como Deus, e isto brilhou aos olhos dela. Ser como Deus! Não precisar dar satisfação a ninguém. Entrou o pecado ali, e hoje todas as pessoas que nascem neste mundo são pecadoras, não porque praticam algum ato mau, mas porque já nascem com esse DNA estragado. E quando alguém acusa Deus de largar o mundo, deixar acontecer guerra e toda sorte de maldades, Deus poderia retrucar: mas foram vocês que quiseram assim! E para comprovar isto, quando Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, a este mundo, não levando em conta os pecados dos homens mas em misericórdia, o que fizeram com Jesus? Todos sabemos o que fizeram com ele, mesmo ele não tendo feito absolutamente mal algum! Pelo contrário, curou pessoas, alimentou-as, pregou a elas. Mas os homens o puseram numa cruz, condenaram-no à morte. E aqueles que fizeram isso, não foram as  prostitutas nem os ladrões. Esses estavam lá também na hora da crucificação erguendo os punhos contra Jesus e gritando crucifica-o, mas quem tinha o poder de realmente levá-lo à cruz eram os religiosos e foi o que fizeram. Aqueles que seriam a nata da sociedade, as pessoas mais justas e corretas, pregaram o filho de Deus numa cruz. Este é o mundo em que estamos. O que podemos esperar então? Deus já mostrou que nossa natureza é ruim.

Quando Cristo foi à cruz, Deus realmente fez uma obra tremenda ali em vários aspectos. Esta obra, glorificou a Deus com relação ao pecado, que era, em outras palavras, como se houvesse uma pendência no currículo de Deus. Deus criou o mundo e o homem pecou, mas as coisas não podiam ficar assim mesmo. João Batista falou, se referindo a Jesus “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele veio para isto. Veio glorificando a Deus com sua obra e veio também para levar sobre si os pecados de todos aqueles que creem nele. De todos os salvos, de todas as épocas. Todo aquele que viveu antes de Cristo, mas creu que Deus providenciaria um remédio para o pecado, sem saber, estava crendo em Jesus. Esses já foram salvos. Porque Cristo, lá adiante, muito depois deles, já pagou o preço. É como se comprássemos hoje no crediário, para pagar amanhã. Só que no caso daqueles que creram em Cristo, o pagamento já foi feito, não pela própria pessoa, mas por um substituto. E nós todos, depois de Cristo, cremos que Ele já pagou.

E quanto aos seus pecados, ele pagou também? Quando você quer fazer um negócio e não pode ir até o lugar para assinar a escritura, você dá uma procuração para que uma outra pessoa possa fazer isso no seu nome. Mas não é para qualquer um que você pode dar uma procuração. Você quer e precisa ter uma pessoa de confiança, se cercará de todos os cuidados, tem que confiar na pessoa que vai lhe representar. Quando você crê em Jesus como seu Salvador, é como se você estivesse dando o voto de confiança de que ele era o único capaz de pagar pelos seus pecados. Você está entregando a ele a procuração para que ele possa morrer em seu nome. Mas ele já morreu!

Se lhe pergunto se os seus pecados estavam sobre Jesus na cruz quando ele foi ferido pelo juízo de Deus, naquelas três horas de trevas em que entregou a sua vida e você não sabe me responder, temos um problema aqui. Se em nenhum momento você parou para pedir salvação a Deus, se nunca confessou que é um pecador e que deseja ser salvo, se nunca confessou ser incapaz de ser salvo pelos seus próprios meios,  se nunca fez uma oração mínima dizendo pelo menos: Pai, me perdoe, Senhor Jesus me salve, que é uma coisa tão básica que qualquer criança pode fazer, então, os seus pecados continuam aí mesmo onde você está. Mas saiba que Deus o convida pela sua Palavra.  Em João 5:24 o Senhor Jesus fala "quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou (em Deus e nos motivos de Deus ter enviado seu Filho ao mundo) tem a vida eterna e não entrará em juizo, mas passou da morte para a vida".

Veja que mensagem maravilhosa! Se você crê em Jesus como seu Salvador, crê no testemunho que Deus deu do seu Filho que estava na cruz morrendo, não como Tiradentes, não como um mártir, mas morrendo para substituir o pecador, quem crê nisso, tem a vida eterna. E ainda lhe pergunto, você tem a vida eterna? Ela só é obtida pela fé em Jesus, não há outra maneira. Quem crê tem a vida eterna e não entrará em juízo. Crê, tem, não entrará. Isso ocorrerá no futuro, quando você tiver que sair desta vida. Há pessoas que pensam que serão julgadas por Deus. Isso ocorrerá, ou seja, você ser julgado por Ele, somente se não creu em Jesus como seu Salvador, porque neste caso, você possui pecados para serem julgados. Deus terá que julgar você e o julgamento não será apenas dizer: vejamos o que você fez. Nada será colocado numa balança, pois o julgamento é: você é pecador? No céu não entra nenhum!

Quantos pecados você tem? Um, dois, somente? É pouco? Adão e Eva só tinham um naquele momento em que pecaram e mesmo assim, foram expulsos e obrigados a saírem da presença de Deus. Com quantos você acha que vai entrar no céu? Nenhum! Haverá um julgamento para quem não crê em Jesus, mas aquele que crê não entrará em juízo (no futuro). O verbo muda a conjugação: "tem a vida eterna e não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida". Uma pessoa que crê em Jesus como seu Salvador está salva. Existem ocasiões em que falamos que estamos salvos, e uma outra pessoa que ouve isso, acha que é pretensão da nossa parte. Sim, seria se a salvação dependesse de mim, dos meus esforços, mas é muito claro pela Palavra de Deus que não dependeu de um átomo sequer de mim mesmo, mas sim, única e exclusivamente de Jesus morrer na cruz e pedir que eu cresse nele. Eu creio! E todos os “se e será que” deixam de existir. Porque isso significaria duvidar do que diz Palavra de Deus. Se eu creio na Palavra, ela me assegura que tenho a salvação eterna, que os meus pecados foram todos lançados sobre Jesus na cruz e pagos. Nenhum deles vai aparecer no livro de registro de Deus e quando eu sair daqui, pode ser hoje, amanha, não importa quando, eu vou entrar na presença de Deus por misericórdia e graça somente, não por méritos. Ninguém é salvo por méritos porque ninguém os tem. Então, quer você seja esse filho pródigo que saiu para gastar tudo, quer seja esse filho corretinho que ficou obedecendo e se gloriando da sua obediência, qualquer um dos dois está perdido.

Eu convido você para que creia em Jesus como seu Salvador, aceite aquele que morreu por você, receba agora desse Pai que sai de sua casa ao seu encontro, recebendo-o com um beijo e um abraço, lhe dando o anel, a sandália, as vestes limpas. Receba tudo que Ele dá. Esse é o evangelho. E eu espero que essa mensagem caia em corações de terra roxa e realmente germine para a salvação eterna.