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Paz com Deus - Mario Persona

Paz com Deus - Mario Persona (mp3)


https://youtu.be/ye3FnBM675I

Paz Com Deus
Mario Persona

O cristianismo se afastou muito daquilo que é originalmente encontrado na Bíblia. Olhando ao redor, notamos que o que hoje é conhecido como cristianismo ou cristandade, está muito longe do que encontramos na Bíblia. Vejamos, estamos em junho, época de festas em devoção a determinados santos da religião católica. Tais coisas não encontramos na Bíblia. Não existe sequer um indício sobre essas festas. Andando pela cidade, vemos diferentes templos católicos e protestantes, mas não encontramos nada nas páginas da Bíblia que fale sobre tais construções. Sim, é verdade que existiu um templo que Deus mandou construir em Jerusalém, mas só aquele! Não era permitido construir nenhum outro.



Esse templo foi destruído no ano 70 D.C. e os cristãos nunca mais construíram nada parecido, a menos que consideremos depois, quando o cristianismo se tornou a religião oficial do império romano por intermédio de Constantino, que obrigou as pessoas a se tornarem cristãs a partir do século III. Todos os não cristãos eram perseguidos e perdiam seus bens. Ou seja, a situação virou, já que até então, os cristãos eram os perseguidos. As pessoas eram batizadas contra a sua vontade e muitos dos deuses do paganismo romano foram convertidos nessa época. Todo o Panteão Romano e todos aqueles deuses foram transformados em deuses cristãos.

Um determinado deus romano que tinha vestes azuis e segurava um cetro, foi transformado num são ou numa santa qualquer. Até com estátuas pagãs aconteceu o mesmo. Existe uma imagem em Roma na Basílica de S. Pedro que nada mais é que uma imagem de Júpiter devidamente adaptada para se parecer com S. Pedro. Sabemos que muitos tesouros da antiguidade foram saqueados, levados para Roma e muita coisa virou "cristã". Um obelisco que existe na praça principal de Roma veio do Egito e no topo dele fora colocada uma cruz. Resolveu-se então, o problema do obelisco que era uma obra pagã reverenciando os deuses egípcios, convertendo-o em algo "cristão". Então, tudo que vemos ao redor hoje como cristandade, ou cristianismo, nem sempre é o que encontramos na Bíblia.

E nessa confusão toda que vemos atualmente, podemos cometer o engano de buscarmos Cristo em algo que não é realmente aquilo que encontramos na Palavra de Deus. A primeira coisa que percebemos é que existe um grande equívoco quando o assunto é o evangelho, que não é absolutamente, uma lista de regras, assim como o cristianismo também não o é. Muitas pessoas perguntam o que tem que fazer, gostariam de aceitar e entender o evangelho, mas pensam que precisam comprar alguma coisa, vestir determinadas roupas, perguntam se podem ir a determinado lugar, etc. Sempre pensando que há um conjunto de regras a ser obedecido. Mas essa lista existia no Antigo Testamento.

A Lei que foi dada aos israelitas como maneira de provar que o homem seria incapaz de seguir uma lista de normas dada por Deus. E o homem provou ser mesmo incapaz, já que ninguém conseguia guardar todos os mandamentos da Lei. Porque, se alguém transgredisse um mandamento sequer, era considerado culpado de toda a Lei. Não importando qual mandamento tivesse sido desobedecido. Logo, esse pensamento não procede, uma vez que o evangelho não é uma lista de regras, nem uma forma de se melhorar de vida, tampouco uma maneira de alguém se aperfeiçoar, de tornar alguém mais dócil, mais bondoso, mais caridoso. Talvez o budismo, o xintoísmo, as religiões mais orientais sejam alguma coisa assim, mas não o evangelho. Ele está muito mais para uma notícia, que é exatamente o que a palavra evangelho significa: boas novas, boas notícias. Não é definitivamente, um conjunto de regras para se mudar de vida.

E do que se trata essa boa notícia? Imagine uma cidade que está sendo sitiada e que o inimigo vai atacá-la. Podem acontecer duas abordagens: um mensageiro chega à cidade que estava na frente de batalha, vem correndo com o seu cavalo, entra na cidade e fala que o problema foi resolvido, o inimigo deu uma lista de regras para as pessoas seguirem e se elas obedecerem todas as ordens listadas, a cidade não será atacada. As pessoas observando a lista notariam que era impossível dela ser acatada, e chegariam à conclusão que estavam realmente perdidas. Esta é a ideia que as pessoas têm do evangelho. Mas agora imagine esse mesmo mensageiro chegando, montado em seu cavalo na mesma cena, mas agora proclamando realmente uma boa notícia: o inimigo foi vencido, não há mais perigo algum de ataques à cidade. Isto é o evangelho!

É comum ligarmos o rádio, TV e lá vermos pregadores do evangelho. O que eles estão pregando efetivamente? Alguns trazem a mensagem do evangelho corretamente, mas a maioria não. O evangelho acabou se tornando sinônimo de bem estar. Por exemplo, se você tem uma dívida, deve ir a tal igreja, lá você pode praticar certas correntes, novenas, comprar algumas coisas, contribuir bastante, dar suas ofertas e assim, Deus eliminará a sua dívida. Se você está doente, deve ir a essa outra igreja, ali há um pastor poderoso que porá a mão sobre você, resolverá os seus problemas, e no fim, você pode deixar uma contribuição. Se você está sem sorte no amor, nos relacionamentos, pode ir à igreja tal, ali se abrem portas, você vai conhecer pessoas maravilhosas e Deus vai abençoar a sua vida.

Pensemos agora como era no princípio da Bíblia. Quando o Senhor Jesus estava para partir ele havia dito aos seus discípulos que iria embora, na verdade seria morto, seria entregue para ser crucificado. Em João 14:27 ele deixa o seu testamento. Quando uma pessoa morre ou está para morrer, ela costuma fazer um testamento. Deixa um documento dizendo para quem ficam as coisas que possui. Seus bens são divididos em partes, suas riquezas, aplicações financeiras, e tudo o que ela possui, serão repartidas em porcentagens entre seus herdeiros. E quando essa pessoa morre aquele será seu espólio e este será distribuído entre os beneficiados, de acordo com aquele testamento.
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou" foi o testamento que Jesus deixou para os seus discípulos.

Quando morreu, os únicos bens materiais que Jesus possuía, não entraram nesse testamento. Ele só tinha as roupas do corpo, que foram repartidas entre os guardas que o crucificaram. Aquelas roupas depois de algum tempo devem ter desaparecido, virando pó e os guardas não ficaram com nada na verdade. Mas aqui ele deixa para seus discípulos uma coisa que é duradoura: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. Algum discípulo poderia falar, - oh que bom! Diante de tantos problemas que estou passando na vida, paz é o que preciso - Mas basta lermos o que aconteceu depois da morte de Cristo para vermos que a última coisa que os discípulos tiveram, foi paz.

Pedro foi crucificado, Paulo decapitado, outros foram mortos à espada, outros apedrejados, se escondiam nas catacumbas, precisavam fugir, muitos eram atirados aos leões, tinham mortes horríveis. Ou seja, onde está a paz prometida? Percebemos que não é este tipo de paz que ele estava falando, não é a paz que vem da libertação de problemas nesta vida. Paulo, um apóstolo que veio depois de todos os outros, era um homem muito culto, um dos principais entre os judeus. Estava indo pela estrada de Damasco com ordens do sacerdote para encontrar e prender cristãos, enviando-os para a prisão e morte. Paulo era um caçador de cristãos e foi ali, no caminho para Damasco, que o Senhor Jesus encontra-o e Paulo fica temporariamente cego. Ele ouve a voz do Senhor e ali se converte. Este era um homem que tinha tudo, cultura, riquezas, posses, tinha posição na sociedade, foi discípulo de um dos maiores mestres de Israel naquela época. Provavelmente ele seria um senador, ou alguém importante na sociedade judaica. Mas ao se converter, foi aí que começaram os problemas de Paulo. Chegando a cidade de Damasco, os próprios cristãos duvidaram que ele fosse um deles. Afinal, até pouco tempo, ele estava mandando cristãos para a morte, e agora está dizendo que se converteu a Cristo. Deus precisou, inclusive, dar provas aos cristãos dali, que Paulo era realmente alguém que Ele tinha escolhido.

Quando Paulo chega a Damasco é perseguido de tal maneira que precisa sair da cidade escondido, pendurado pelos irmãos cristãos, num cesto preso a uma corda pelo muro, à noite, porque já estavam querendo matá-lo. Ele tinha virado para o lado do adversário! Ou seja, vemos que Paulo já começou a sua jornada assim e ao longo de sua vida, temos relatos feitos por ele, com uma lista de apedrejamentos, açoites, enfrentou perigos no mar, em terra, assaltos, etc. Podemos perguntar, que vida é esta que esse homem teve? Quem quer uma vida desta?

Isso nos faz lembrar aquela conversa que muito ouvimos, de que uma pessoa que se converte a Cristo terá todos os seus problemas resolvidos, sua conta bancária ficará positiva, terá carros importados na garagem, será curado de todas as suas doenças, enfim, mas isso não é dito na Bíblia! Vemos Deus curando alguns, Deus resolvendo o problema de outros, mas isso não é o evangelho. O evangelho é esse que o Senhor Jesus fala "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá." Veja que o mundo também oferece uma paz que todos nós podemos encontrar. Supomos que eu tenha uma dívida no banco e um dia o gerente me telefona avisando que minha dívida foi perdoada - sei que é impossível acontecer isto no banco, mas vamos supor que um credor qualquer tenha feito isso.

Que paz! Eu nunca conseguiria pagar aquela dívida, então essa notícia me dá um enorme alívio, vou conseguir dormir em paz novamente. Ou vamos imaginar que fui diagnosticado com um câncer, ou outra doença mortal, alguma coisa que não tem cura. Faço uma bateria de exames e estou já desgostoso da vida, até fazendo o meu testamento. Mas eis que de repente, nesta bateria de exames, vemos no resultado que houve um engano. Um dos exames tinha dado errado, foi um equívoco. Que alegria, que paz que isto me dá!

Ou posso ainda ser um criminoso e estar diante de uma pena de vinte anos de cadeia, então o governador ou o presidente, ou seja, lá quem for, por conta das festividades do ano, perdoa a minha pena. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso acontece. Um réu que recebeu a pena máxima de ir para a cadeira elétrica, pode ser perdoado pelo governador, tal qual ocorre em uma época do ano, com um dos montes de perus que serão abatidos, um é salvo, com solenidade e tudo, comprovando que a comunidade não tem nada contra os perus no jantar de ação de graças. Perceba que se eu recebo a comutação da minha pena, se sou perdoado, se estou livre da cadeia, que prazer, alegria, e uma enorme paz isso me traz.

Mas isto é uma paz passageira. Um dia eu vou sair desse mundo sem nada, sem um tostão no bolso. Um dia vou ficar doente e morrer, porque todos morrem. Há pouco tempo, morreu a senhora mais velha do mundo, era uma brasileira com 114 anos, que ficou doente de pneumonia e morreu. Todos nós acabamos morrendo de alguma doença ou podemos cair em alguma situação criminosa, sermos envolvidos em algum acidente. Então essa paz que o mundo dá é passageira, assim como a paz que compramos. Sabe aquele carro que você sempre quis ter, aquele com o qual sonhava que não conseguia dormir pensando nele? Um dia você conseguiu comprar e pensou que seria muito feliz finalmente! Pergunto-lhe, onde está esse carro agora? Já virou sucata há muito tempo, já foi vendido, passou para outro e você já tem uma nova ideia, um novo carro, um novo modelo, que lhe fará feliz enfim.

Ou pode ser aquela paixão da sua vida, aquela menina da escola que você pensava que se não a namorasse, se não conseguisse casar-se com ela, nunca seria feliz. Então chega o dia que você a namora, e o que aconteceu? Acabou! E tudo voltou ao normal de novo. Vemos que todas as coisas que o mundo nos oferece são passageiras, elas jamais são permanentes. Então essa paz que o Senhor fala, não tem nada a ver com a paz que o mundo dá, “a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá”. Mas então, que paz é esta?

Vamos abrir na carta de Paulo aos cristãos, pessoas convertidas a Cristo, que moravam na cidade de Colossos.

Colossenses 1:12 "dando graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz. Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para, perante ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis".

Aqui aparece a paz da qual Jesus estava falando aos seus discípulos. “Havendo por ele, por meio de Jesus feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliaste consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.”

Temos um costume na língua portuguesa, de falarmos, quando brigamos com alguém, que vamos fazer as pazes com essa pessoa. -Vamos fazer as pazes? Aquele que ofendemos nos perdoa e ambos voltamos a ficar bem um com o outro. Porém o texto aqui, nos fala do perdão de Deus, mas de um perdão que não era algo que Ele pudesse simplesmente falar: - então está bem, eu perdoo vocês. - A coisa não é tão simples assim. Alguém precisava pagar, porque existia uma dívida pendente, havia um preço e este deveria obrigatoriamente ser pago, caso contrário, Deus não seria justo. Livrar alguém da condenação sendo um pecador, não seria justo. A Bíblia fala que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Entendemos por “todos”, que não há quem não peque. Basta você olhar para dentro do seu coração que vai saber que peca também. Olhe para sua vida passada. Você peca porque é um pecador, simples assim.

Você não se torna um pecador depois de pecar, você já nasce assim. Você e eu, já nascemos pecadores, porque o pecado é como a raiz, o cerne de uma planta, e nós damos os frutos, ou seja, os pecados que vão surgindo na nossa vida. Gostamos de prometer a nós mesmos que a partir de tal momento, não vamos mais pecar. Mas se eu perguntar em que sentido você costumava pecar, você pensa um pouco e diz que odiava aquele desgraçado do seu vizinho a tal ponto que poderia matá-lo. Pronto. Acabou de pecar, porque pensou no ato. O ser humano é mau por natureza. Desde pequenino, mesmo ainda inocente das suas maldades, quando ainda não entende as coisas más, ele vai crescendo e desenvolvendo isso. A diferença é que ele era um pequeno pecador quando criança, e se tornará um grande pecador conforme vai crescendo.

É por isso que Deus precisou intervir, porque se não o fizesse, nenhum ser humano poderia habitar na Sua presença. E é assim que Ele faz a paz, uma paz que custa sangue, que tem um preço muito alto, que é a vida do Seu Filho que precisou enviar ao mundo. Lemos no versículo 12, deste nosso capítulo, que ele está falando para os cristãos agradecerem ao Pai por terem sido feitos idôneos de participar da herança dos santos na luz. Como esses pecadores poderiam ser idôneos de ficar num lugar, na luz de Deus, onde não há treva nenhuma, e ainda ter uma herança com isto? Pela graça de Deus. Sabemos que a luz é aquilo que revela todas as coisas. Qual o último lugar que você quer estar depois de cometer um pecado? Na luz!

Você quer fugir da luz, quer esconder o que fez. Ninguém pratica um crime a céu aberto. É à noite que as pessoas saem para cometer suas coisas ilícitas, às escondidas. Li certa vez, um comentário interessante de uma jornalista sobre os pichadores. Ela diz ter lido em algum lugar que os pichadores se declaram pessoas contrárias à sociedade, e se dizem livres para fazer o seu protesto, que é feito pichando muros e casas das cidades. A jornalista pergunta se essas pessoas são mesmo livres. Porque se têm que fazer isto à noite, às escuras, estão na verdade, fugindo, não são livres, são sim, escravos da sua própria pichação, escravos da sua prática, estão escondidos daquilo que fazem. É como o pecado, que não gosta da luz.

Como Deus poderia levar à Sua presença, a Sua luz, um pecador? Só haveria um meio para isso, se este ser humano tivesse sido totalmente limpo dos seus pecados. O versículo 13 nos fala "o qual nos tirou da potestade das trevas na qual nós nascemos nelas por sermos pecadores e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor". É uma mudança. Você é tirado de uma posição de pecador, perdido, sujeito ao juízo eterno e levado para outra posição, o Reino do Filho do seu amor. Tirado das trevas e colocado na luz. Mas um resgate teve que ser pago para que isso acontecesse. E é o versículo 14 que diz "em quem temos a redenção pelo seu sangue, pelo sangue de Jesus, a saber, a remissão dos pecados;" A retirada dos pecados pelo sangue de Jesus.

Deus aplica em nós o valor do sacrifício e o sangue de Jesus Cristo, Filho de Deus, e assim nos purifica e limpa de todo pecado. Certa vez, perguntaram a uma criança como é que ela sabia que tinha sido limpa de todos os seus pecados. Ela respondeu no seu jeito infantil, que Deus tem num caderno uma lista de todos os nossos pecados. E sobre essa folha, caiu sangue que a manchou e agora Deus não consegue mais ler quais são eram os pecados. Na prática é isto que acontece, o sangue de Jesus Cristo se coloca entre Deus e os nossos pecados e Deus ao olhar para nós, enxerga o sangue de Cristo e dessa forma, Ele nos vê justificados. Deus pode ser então justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. Ele não seria justo se deixasse o pecado passar de qualquer jeito, mas sabendo que o homem seria incapaz de pagar por seu próprio pecado, providenciou um sacrifício perfeito, que é a pessoa do seu próprio Filho, sem pecado, que paga o preço do pecador.

A provisão que Deus faz é para que todos possam ter esse perdão, mas será que todos serão salvos? A Bíblia fala que Cristo morreu por todos, mas levou sobre si o pecado de muitos. Como podemos entender isso? Imagine uma multidão onde todos estão com fome e algum benfeitor traz um caminhão com comida para todos. Mas apenas muitos vão até o caminhão pegar o seu prato de comida. Os outros ficam olhando e desconfiando que haja alguma coisa por trás disso. Muitos não querem. É assim também com a salvação, muitos serão salvos, mas não todos. Porque isso é uma questão de fé, de crer na Palavra de Deus. Aceitar que Cristo pagou o preço pelos nossos pecados. Deus não poderia pegar alguém que não quer crer em Jesus e falar que vai levá-la para o céu, porque o céu seria o inferno para essa pessoa.

Há uma passagem na Bíblia que conta a história do rico e Lázaro. Lázaro era um mendigo que ficava à porta de um rico, e um dia, ambos morrem. Aparece então, nessa cena da história, Lázaro na presença de Deus- escrito na Bíblia como estando no seio de Abraão, quer dizer, um lugar de privilégio - e o rico no hades, o lugar dos mortos, sofrendo terrivelmente. E esse rico fala para Abraão, que é uma figura de Deus, que Ele mande Lázaro para molhar a sua língua porque está com muita sede, mas Deus fala que não é possível, porque entre ambos há um abismo que não pode ser transposto. Veja que o rico não fala: tire-me daqui, eu quero estar aí. Não, ele pede que mande Lázaro até ele. O rico nunca quis sair dali para estar na presença de Deus, ele queria estar livre dos sofrimentos, mas não queria a presença de Deus.

Logo, a salvação vem pela fé em Cristo e quando você deposita fé genuína nele, um dos efeitos disto, é a sua conversão. Certa vez perguntaram para um soldado como foi a sua conversão. Ele disse que estava marchando, escutou a frase, “meia-volta, volver”, e virou-se, converteu-se. Deus fala com você assim, para se converter. E conversão é você se virar para Cristo, se arrependendo de seus pecados. Em Jeremias 31:19 lemos: "Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado" Se você busca um cristianismo sem arrependimento não é o cristianismo verdadeiro. Esse é o do homem da TV que está oferecendo mundos e fundos. Pague, contribua e ganhe. Mas não é este o cristianismo que lemos na Bíblia, porque a conversão genuína vem com o arrependimento dos pecados. O cristão passa a odiar o pecado, passa a se sentir mal quando peca.

Existe uma diferença entre uma porca e uma ovelha. As duas podem cair na lama, assim como o cristão pode cair em pecado, não que ele se permita pecar, mas pode vir a acontecer dele cair num pecado. É como a porca e a ovelha. Ambas caíram naquela poça, a porca está adorando, para ela aquele é o melhor lugar do mundo, já a ovelha não vê a hora de sair dali, fica se debatendo, porque ela não pertence àquele meio e quando consegue sair, ela se sente suja, até que alguém limpe essa mancha que está no seu pelo. A ovelha não é desse lugar. O cristão é tirado de uma posição suína por assim dizer, que gosta de pecar, que gosta do pecado e transportado para uma nova natureza que detesta o pecado.

Mas, infelizmente, vivemos ainda num corpo de carne que é possível cair em pecado. A Bíblia fala que sete vezes cairá o justo e se levantará. Essa é a diferença do incrédulo, que gosta de pecar. Então se não existir um arrependimento genuíno não houve uma conversão genuína. A pessoa pode aceitar intelectualmente o que diz a Bíblia, pode querer o evangelho e a paz que ele fornece, pode querer se sentir bem, mas isso não é o cristianismo, porque ele é a conversão a Cristo. O reconhecimento de que os meus pecados foi o que fez com que Cristo sofresse na cruz, ele teve que pagar por cada um deles, por causa dos meus erros. Isso é reconhecer o cristianismo real.

Lemos a continuação do texto, falando que Cristo é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, versículo 16: "porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência (o primeiro lugar), porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse". Depois de falar dessa pessoa tão exaltada, tão maravilhosa, tão privilegiada, que é Cristo - Deus e Homem, ele fala "e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus". "No corpo da sua carne, pela morte" fala o versículo 22.

Aqui está o que é o evangelho. Rejeite qualquer evangelho sem sangue! Quando alguém for até você e falar que sua igreja é boa, que todos se sentem bem ali, que é pregado o evangelho, mas não falar no sangue de Cristo, que nos purificou de todos os pecados, que nos trouxe paz, que fez as pazes entre mim e Deus, não dê ouvidos.

Em 1962 um missionário americano chamado Don Richardson, escreveu um livro muito bonito, chamado O Totem da Paz. Se você tiver oportunidade de ler, faça-o, porque é um dos melhores livros que já li sobre relatos de missionários. Don Richardson, a sua esposa e duas crianças pequenas se mudaram para uma tribo indígena na ilha de Papua-Nova Guiné. Era uma tribo de aborígenes que mal havia sido contatada pelo homem branco. Foram morar na tribo para primeiro aprender a língua dos indígenas, depois desenvolver um vocabulário, criar um dicionário para então começar a pregar o evangelho àqueles indígenas que eram selvagens, matavam pessoas e viviam guerras sangrentas com outras tribos. Don então começou a viver no meio desses índios, aprendeu a falar a sua língua, desenvolveu uma gramática e um dia reuniu todos os principais da tribo em sua casa e começou a falar do evangelho. Contou a história toda, falou de Cristo e como ele veio ao mundo, como foi traído por Judas, um dos seus discípulos, e por isto foi levado à morte, para nos salvar dos pecados.

Quando terminou de pregar, os índios ficaram muito alegres, começaram a vibrar, fazendo a maior festa. Don perguntou se eles tinham gostado, e os índios responderam que sim, que gostaram muito de Judas. Don ficou perplexo e começou a questionar a razão e só aí ele entendeu que na tradição daqueles indígenas um herói era alguém que conseguisse fazer amizade com outra pessoa, ato que eles chamavam de “cevar o porco”. Quando você pega um porquinho, coloca-o num chiqueiro e vai alimentando-o, o porco está todo alegre, até o dia em que você corta a cabeça dele e assa-o. Judas fez isto, ele foi cevando, por assim dizer, a amizade com Jesus até o dia em que o traiu.

Claro que isto estava previsto na Bíblia e Cristo sabia quem era Judas. Mas ali naquele momento Judas é feito o herói da tribo. Todos se regozijam de conhecer Judas, esse homem que tão habilmente enganou a todos e traiu Jesus, parecendo sair vitorioso. Don voltou para sua cabana desesperado. Porque agora ele tinha uma grande preocupação, como conseguiria pregar o evangelho para este povo se Judas, o traidor, é o herói? E mais, como saber se não estão planejando cevar a ele também, para depois matá-lo?

Alguns dias se passaram e Don foi acordado certa manhã, por uma algazarra na tribo. Uma confusão onde todos os indígenas estavam correndo, pegando suas armas, seus arcos e flechas, suas lanças. Havia umas canoas da tribo inimiga se aproximando da beira do rio, atracando na praia. Todos os guerreiros de ambas as tribos enfileiraram-se armados e Don pensou que todos iriam morrer, inclusive ele e sua família, porque uma guerra terrível estava para começar. Mas em uma das canoas da tribo inimiga, havia uma mulher com um bebê nos braços. O chefe da tribo, que veio pelo rio, foi até a canoa, tirou o bebê dos braços daquela mulher, atravessou o campo, indo até a tribo que Don Richardson estava morando e entregou o bebê para o chefe. Nessa hora o chefe pegou o bebê, passou-o para uma pessoa do lado, dirigiu-se até uma das cabanas de sua tribo e saiu com um bebê, entregou-o ao chefe da outra tribo.

Quando fizeram isto, começaram a se abraçar e todos se alegraram, permanecendo até altas horas comendo e se divertindo, dançando, cantando. Don Richardson não entendeu nada do que estava acontecendo e foi perguntar para os índios, que explicaram que aquele era um costume entre eles, chamava-se criança da paz. Quando duas tribos queriam fazer as pazes e parar de guerrear, uma delas pegava um dos seus filhos e sacrificava-o, não matando obviamente, mas entregando esse filho ao inimigo e se o inimigo também quisesse fazer as pazes, ele pegava um filho seu e entregava-o para essa tribo. E a regra era que enquanto essa criança vivesse a tribo não poderia ser atacada. Então aquela criança era a garantia. Se eles a tratassem mal e ela morresse, não poderiam atacar os da outra tribo, mas poderiam ser atacados por ela, porque eles deixaram morrer a garantia de paz.

Quando Don ouviu essa história, reuniu a tribo de novo e falou que Deus sacrificou o seu Filho. O Filho de Deus é o Filho da paz, e como agora ele vive eternamente, aqueles que têm o Filho têm vida e paz eternas com Deus, que nunca vai atacar você, porque o Filho está para sempre vivo.
Assim foi que muitos índios começaram a se converter e a entender que Judas era o pior homem do mundo, porque a pior pessoa da tribo seria aquela que fizesse algum mal para aquela criança.

Hoje você sabe que Jesus veio fazer a paz. Deus enviou o seu Filho ao mundo como garantia de paz. Primeiro ele teve que morrer, derramar seu sangue, pagar pelos pecados daqueles que creem nele e depois ressuscitou e está no céu. Ele é a garantia. Como se recebe essa garantia? Pela fé apenas. Confessando a Deus os seus pecados, crendo em Jesus como seu Salvador, confessando a sua condição de pecador. Confessando! Nos evangelhos existe um homem que fala: - Senhor, tem misericórdia de mim que sou pecador. Tem compaixão, me salve por graça. Perdoa-me dos meus pecados - Quando faz isto você sai desse encontro com Deus perdoado de todos os seus pecados porque eles já foram pagos na cruz. Mas você não tinha o perdão ainda. A morte de Jesus pagou os pecados há dois mil anos, mas o perdão só acontece na hora que você crê em Cristo como seu Salvador, que você se converte a Ele, quando você escuta meia-volta, volver, e você se volta para Ele, recebendo o perdão e a salvação eterna, que são garantidos.

Aí vai fazer sentido pra você "deixo-vos a paz, a minha paz vos dou" e a partir daí, mesmo que o mundo inteiro esteja a cair, você vai saber que vai sair daqui e entrar na presença de Deus. Não na presença do inimigo, não na presença de um juiz, não na presença de alguém que vai condená-lo. Não! Seus pecados estão perdoados, Deus pegará a folha do caderno onde ele anotava os seus pecados, olhará e dirá que agora está sujo de sangue, não consegue mais ler. E vai lançar os seus pecados no esquecimento e você terá eternamente a companhia de Deus, de Cristo, e a herança dos santos em luz. Esta é a promessa.