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Quando Jesus chorou - Mario Persona

Quando Jesus chorou - Mario Persona
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https://youtu.be/UhdoTqEsxVk

(Transcrição)
Quando Jesus Chorou
Mario Persona

Existe um hino que fala algumas verdades básicas do cristianismo: Jesus desceu, Jesus morreu, Jesus ressurgiu, Jesus voltará e Jesus virá reinar neste mundo. Estas verdades são fundamentais e mais óbvias ficam, nesta época do ano, quando as celebrações de Natal lembram o nascimento de Jesus. Evidentemente o Natal não tem um fundamento bíblico, pelo menos não a celebração dele. Não encontramos isto sendo feito nem mesmo entre os primeiros cristãos. É uma festa que foi adicionada depois, e que foram acrescentaram também vários elementos de outros costumes e religiões. Hoje inclusive, perdeu muito do significado que tentava se dar no início. Às vezes me pergunto: será que existe algum fundamento neste tipo de coisa na Palavra de Deus? Obviamente que nela existe o nascimento de Jesus. Mas será que foi um feliz Natal? E que importância para o mundo terá tido realmente o nascimento de Cristo? Que importância Deus dá a este acontecimento na sua Palavra, na Bíblia?

Quando olhamos o mundo ao nosso redor descobrimos que o Natal não é exatamente tão feliz quanto possa parecer, porque é esta a época do ano, onde as estatísticas apontam o maior número de suicídios, por exemplo. Isto porque as pessoas se tornam mais vulneráveis. Aqueles que são solitários ficam mais solitários ainda, aqueles que são doentes sentem mais a sua doença, aquelas que são divorciadas, sentem ainda mais a sua separação, a sua incapacidade, os que são pobres sentem mais ainda a sua miséria quando veem tanta gente comprando coisas. Isto tudo se torna para alguns um fardo a mais, que às vezes ultrapassa até a capacidade da pessoa suportar. Então não é sempre uma data feliz a todos. Mas, o anúncio do nascimento de Jesus foi feliz, muito embora não encontremos nos quatro evangelhos a descrição do nascimento de Cristo, somente em um evangelho. Dos quatro, apenas um descreve como Jesus nasceu, e este é o evangelho de Lucas. Mateus conta o que aconteceu depois que Jesus nasceu. Mas é em Lucas que aprendemos que havia uma manjedoura, porque eles não encontraram um lugar na estalagem, que havia os pastores no campo, que ouviram a proclamação dos anjos dizendo que aquele era um momento de grande alegria, porque o Salvador havia nascido. Só o evangelho de Lucas descreve o nascimento de Jesus, porém os quatro narram outro fato relacionado à vida de Jesus com muito mais detalhes, que é a sua morte. Esta não falta em nenhum dos evangelhos e às vezes há um capítulo inteiro detalhando cada momento da sua crucificação e da sua morte. É claro que há também neste evangelho a mensagem de salvação e das boas novas, mas ele também anuncia que as coisas não seriam tão boas quanto pareciam, porque é ouvido que uma espada iria atravessar o coração de Maria, e que o nascimento de Jesus ou a sua vinda a este mundo seria motivo de tropeço e de discórdia entre muita gente. Podemos ver em Mateus alguns detalhes tenebrosos a respeito do primeiro Natal, o nascimento de Jesus. Lá é mencionado o que aconteceu meses depois disso.

Havia um rei chamado Herodes que não era judeu, mas homem de linhagem gentia, cujos antepassados eram prosélitos - juntaram-se ao judaísmo como prosélitos - e o império romano colocou Herodes como rei, apesar de ele não ser um rei de fato, por direito, por que não era descendente de Davi. Ele estava ocupando um cargo político, mas como rei, teve ali começada sua dinastia, sendo seguido por seus filhos. Os magos dos quais ouvimos falar, na verdade, eram sábios que vieram do Oriente. Eles aparecem em Jerusalém e dizem que viram a estrela como sinal de que havia nascido aquele que é o rei dos judeus. Obviamente que isso deixou Herodes muito intranquilo porque ele não era nascido rei, era apenas um rei empossado pelo inimigo invasor. Ao ouvir falar que agora há um, nascido rei dos judeus, que tem o DNA e que é da linhagem de Davi, podemos bem imaginar o quanto isso o preocupou. Como ele não consegue descobrir onde estava aquele menino que os sábios foram visitar, Herodes toma uma terrível iniciativa, como conhecemos bem a história. Ele manda matar todas as crianças até dois anos que viviam em Belém e nas suas cercanias, porque era dali que, segundo as Escrituras, nasceria o Messias, o Ungido, aquele que ia reinar sobre Israel.

E aquele dia em que os soldados comandados por Herodes, mataram os bebês, foi um dia de enorme pranto. Papai Noel não trouxe presentes para as crianças, mas Herodes trouxe uma espada para elas. Que horrível homem era este tal Herodes, que tipo de pessoa é capaz de fazer tal atrocidade? Matar criancinhas! Podemos ter uma noção de que tipo de pessoa os evangelhos estão falando. Herodes quando se casou, era tão desconfiado de sua esposa que todas as vezes que ele viajava, mandava um oficial seu ficar vigiando-a e caso ela o traísse ele deveria matá-la imediatamente. Numa dessas viagens, o oficial contou à mulher quais eram as ordens que tinha recebido. Na volta, Herodes matou ambos. E se não me engano, mandou que matassem também, dois dos seus filhos, que ele desconfiava poderiam estar querendo tomar seu trono. O que mais se esperar então de um homem que matou seus próprios filhos, além da vontade de transformar em terror a vinda de Cristo a este mundo?

Algo que devemos observar com muita atenção, quando falamos do nascimento de Jesus, é que embora estejamos influenciados demais pelo presépio e todos aqueles símbolos, como os três reis magos trazendo presentes, a estrela, os pastores, enfim, é que nada disto aconteceu simultaneamente. Quando Jesus nasceu, os sábios chegaram meses depois para visitar o menino, que estava agora, numa casa e não no curral onde nasceu. Esse tipo de coisa acaba nos confundindo um pouco porque começamos a pensar que aquilo representava o nascimento de uma criança muito especial que viria a este mundo falar de paz, ajudar as pessoas, enfim, para depois podermos segui-lo como bom exemplo e nessa época do ano, desejar feliz natal a todos. Mas não é isto realmente. Naquele momento entrava neste mundo Deus em carne, isto nunca havia acontecido antes. Deus já havia se manifestado de diversas maneiras, mas nunca havia estado aqui em carne. A palavra correta, porém, é “vindo” e não “nascendo”. Quando nascemos, não existíamos antes do período da gestação, passamos a existir de fato, somente quando estamos no útero de nossa mãe, ou seja, quando somos concebidos é que passamos a existir. Jesus, não. Ele já existia antes disto, existia eternamente, porque ele é Deus, é uma das pessoas da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ele é Deus, sempre foi o Filho eterno de Deus e quando entra neste mundo é da forma mais vulnerável possível. Vem como uma criança, um bebê concebido pelo Espírito Santo, nascido de uma virgem, uma entrada miraculosa neste mundo. Isto foi dito séculos antes numa profecia em que a virgem iria dar à luz este que seria o Messias de Israel, que entraria no mundo e este já passaria a rejeitá-lo, logo no início.

Quantas falhas e defeitos nós temos, quantos erros cometemos. E numa parte de nossa história, vemos o próprio Deus andando aqui, entre nós, na forma de um homem perfeito. Que grande contraste, quando pensamos nele vindo à terra! Alguns manuscritos antigos da Bíblia não falam que ele veio em carne, mas que veio vestido de carne, muito interessante esta ideia. Deus incorporado numa forma humana e o contraste é tão imenso que o homem não poderia aguentar mesmo, ele era um intruso neste mundo. Portanto, embora o anúncio de que o Salvador tivesse nascido, fosse feliz, dali para frente vemos muita tristeza e não é à toa que encontramos o Senhor Jesus chorando algumas vezes ao longo dos evangelhos, que nos contam fatos que aconteceram na vida de Jesus. O encontramos pelo menos duas vezes, chorando e uma terceira vez dizendo genericamente que ele chorava, sem apontar exatamente em que momento. Mas sabemos por outras passagens que ele pranteava muito pelas coisas que via neste mundo.

Gostaria de começar lendo o último milagre que Jesus fez quando esteve aqui e que foi também uma das vezes em que ele chorou. Evangelho de João, capítulo 11. Jesus tinha um amigo chamado Lázaro, uma pessoa a quem ele queria muito bem e que tinha duas irmãs, Marta e Maria. Jesus costumava visitar a casa desse seu amigo, que morava em Betânia. Certa vez, Lázaro ficou doente. Jesus fora avisado do seu grave estado, mas se atrasou, deliberadamente. Aqui podemos pensar: se Jesus tinha poder para curar doenças - o que já havia demonstrado tantas vezes, quando curou outras pessoas - por que não foi correndo socorrer Lázaro quando soube que este estava gravemente doente? Ele vai, mas somente depois que já sabe da morte de Lázaro. Ao verem Jesus chegar à cidade onde Lázaro estava as duas irmãs vão ao seu encontro desesperadas, como que o culpando: se o Senhor estivesse aqui ele não teria morrido! Falam de uma forma indignada, porque realmente elas esperavam que ele fosse curá-lo. Neste momento, porém, Jesus apela para a fé dessas irmãs. Pergunta se elas realmente criam na ressurreição e elas dizem que sim, confirmam que Lázaro irá ressuscitar no último dia.

Lemos no capítulo 11, versículo 31: "Vendo, pois, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali. Tendo, pois, Maria chegado onde Jesus estava e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus, pois, quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê. Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava. E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse? Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias. Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?"

Por que será que ele chorou? É difícil saber por que ele teria chorado naquele momento. Se pensarmos em outras ocasiões em quem Jesus ressuscitou outras pessoas, não o vemos chorando, pode ter ficado comovido, mas não chorou. Pelo contrário, ele mandou as pessoas pararem de chorar. Há uma passagem em que ele encontra uma viúva saindo da cidade de Naim com o féretro levando o corpo do seu único filho. Pensemos nas duas situações. Lázaro era um adulto que ficou doente, tinha as irmãs que sabiam se cuidar sozinhas, mas aquela viúva só tinha aquele filho. Morto o seu filho ela ficaria à mingua, sem condições de se sustentar. Talvez fosse viver de esmolas, era uma situação muito mais desesperadora e ele a encontra e nessa passagem diz: (Lucas 7:13) "E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores." Por que essa diferença? Outra passagem quando ele é chamado por um homem de nome Jairo, que estava com a filha à morte, ele se atrasa por que uma mulher o toca no caminho e essa mulher acaba sendo curada de uma hemorragia muito grave da qual sofria há muitos anos. Quando Jesus chega à casa de Jairo, a Bíblia diz (Marcos 5:39) "E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme." Em seguida ele fala para a menina levantar-se. Parecia estar dizendo: acorda! E ele faz o mesmo com Lázaro, quando diz pra este sair de onde estava, ou seja, do túmulo. Ele ordena que Lázaro saia. Mas por que ali, naquela situação em especial, ele chora e nas outras vezes não? É claro que existe a questão do relacionamento, da amizade que ambos mantinham e sabemos que quando Deus assumiu a forma humana Ele se tornou de fato, um homem, exceto pelo pecado que não possuía. Ele tinha sentimentos humanos. Sentia sede, fome, dor, saudade, todas as coisas que nós sentimos. Ele passou por isso também aqui e podemos entender que Deus realmente se importou conosco a ponto de se fazer homem e sentir o que nós sentimos. Logo, ele obviamente pode ter sentido uma grande dor pela perda de Lázaro, mas sabia que ele próprio iria ressuscitar Lázaro dentro de alguns minutos. Então, novamente pergunto, por que será que ele chorou? O que o comovia tanto naquele momento? Não conseguimos descobrir nos evangelhos os sentimentos de Jesus, porque estes, basicamente, são uma narrativa de fatos, é como se estivéssemos lendo uma notícia. Mas quando queremos saber o sentimento da pessoa, precisamos buscar em outra fonte, embora continuemos sem sair da Bíblia.

Um dia, estava assistindo uma entrevista com o escritor Luís Fernando Veríssimo, filho do Érico Veríssimo. Ele e o repórter que o entrevistava, falavam sobre livros e música, porque o Luís Fernando participa de uma banda de jazz que quando surge oportunidade, faz apresentações. Na banda todos são amigos e músicos profissionais, com exceção do próprio escritor, que é músico amador. O jornalista perguntou então como ele consegue expressar melhor seus sentimentos, escrevendo ou tocando na banda. Ele respondeu que é tocando que consegue realmente por para fora tudo aquilo que está sentindo. É interessante notarmos isso, porque quem conhece música sabe que ela tem esse poder. Um compositor coloca coisas na sua música que às vezes, somente em palavras, não daria para se expressar, mas que na letra, na melodia, ele consegue transmitir aquilo que deseja de forma mais harmoniosa. A Bíblia, que é a Palavra de Deus, é um livro que traz diversos tipos de narrativas históricas, cartas e que inclui música também. Os livros de Salmos são livros poéticos que eram cantados e o livro de Cantares, que como o próprio nome já diz, é também feito de poesia. E é nestes livros que encontramos os sentimentos de Deus. Se você deseja saber o que Jesus sentiu na cruz, não encontrará nos evangelhos, porque ali veremos somente o que aconteceu quando ele estava na cruz, não o que sentia. Mas se você ler o Salmo 22 pode ver quais eram os seus sentimentos. Toda a amargura de sua alma é expressa neste Salmo. E se quisermos saber o que ele sentiu diante da tumba de Lázaro, talvez pudéssemos olhar no Salmo 6, versículo 5: "Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará? Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas, Já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos." Veja, este é o sentimento de Jesus: Toda a noite molho o leito com minhas lágrimas. O sepulcro era uma coisa totalmente estranha à criação de Deus, tanto que nenhum de nós aprecia a morte, ela sempre nos choca, sempre nos faz temê-la, nos faz perder a fala, nos faz tremer. A morte é um elemento estranho à criação de Deus e que entrou no mundo por causa do pecado.

Quando Adão pecou, uma das consequências disso foi a morte. E o pecado é algo com quê todos nascemos, sendo importante entendermos que somos pecadores não porque pecamos, mas porque somos pecadores em nossa essência. Os pecados são consequência do pecado que é a raiz que está impregnada na existência de cada ser humano e que também nos deixou separados de nosso criador. Deus não pôde mais ter comunhão conosco, porque Ele não pode tolerar o pecado. E a morte sendo um elemento estranho, causa um impacto não somente em nós, mas no próprio Criador, que estava ali diante de um sepulcro, e ali dentro havia um corpo morto, que não era para estar daquele jeito, porque não era para existir morte no plano original de Deus. Morto não serve para Deus! Ele não quer mortos, mas vivos. Então, o que essa passagem nos mostra é que o Senhor Jesus estava como que no limiar da vida e da morte. Ele estava na vida olhando a morte e esse impacto não era só relativo à morte de seu amigo Lázaro, mas também à sua própria morte.

Sabemos que este foi o último milagre que Jesus fez neste mundo. No primeiro ele transformou água em vinho que é um símbolo de alegria e o último, embora seja uma coisa também alegre, afinal ele ressuscitou um homem, não deixava de ter um fundo de tristeza, porque ele sabia que ali na sua frente, estava a sua morte, ele também teria que passar por ela. E como disse no início, se de quatro evangelhos apenas um descreve em detalhes o nascimento de Jesus, mas que os quatro contam minuciosamente a sua morte, algumas vezes precisando de um capítulo inteiro, outras até mais que isso, é porque o nascimento dele não tem absolutamente, o mesmo peso que sua morte. Sabemos que muitos profetas do AT apontaram para este momento. Os cordeiros que eram sacrificados no AT igualmente apontavam para o Cordeiro de Deus. É por isto que ele chama-se Cordeiro de Deus no Novo Testamento. Logo, o significado que tem a morte de Jesus para o ser humano e nos planos de Deus é imenso. Jesus olhava para aquele momento quando iria morrer. Não exatamente olhando para o processo da morte, mas para o estar morto. Podemos imaginar o que significa um homem santo, que é o próprio Deus feito homem, encarnado, pensando em estar morto? Era a coisa mais estranha que poderia existir para esse homem Jesus, uma vez que ele é o próprio Autor da vida! Mas ele teria que chegar nesse ponto. Então ele chora diante do túmulo de Lázaro, sabendo exatamente que aquele último milagre seria a pedra que ele colocaria sobre a sua própria sorte, porque continuando em João 11, Jesus ressuscita Lázaro e no versículo 46 lemos: "Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito. Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles, que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação. Ora, ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.”.

Esta é a hora, portanto, quando todas as coisas ficam determinadas. Eles levarão Jesus à morte. Pense no que isso significa. Temos lá na Judéia, em Israel, o invasor romano que era o maior e mais poderoso exército do mundo e temos a religião judaica, que era a mais elevada religião daquele tempo e mesmo hoje, muito das culturas ocidentais que conhecemos tem sua origem no judaísmo. Muitos costumes e as próprias leis foram trazidos do judaísmo para nossos dias. Então temos o governo militarmente, mais poderoso e a religião mais organizada e no meio disso tudo, um homem. E todos vão se esforçar ao máximo para levar esse homem à morte, sendo que ele não é um assassino, não é um bandido, é apenas um que sempre fez o bem, que nada fez que pudesse ferir alguém, pelo contrário, mas os homens definitivamente não desejam Deus. Isto porque existe no nosso coração essa rebelião contra Deus. Nós não O queremos, nenhum de nós O quer. A carta de Paulo aos romanos fala que não há quem busque a Deus, nenhum sequer. E você pode até duvidar disso, mas a Palavra de Deus nos diz que nenhum busca a Deus. É Deus quem nos pega e nos leva até Cristo, não há o movimento contrário. E Jesus chora diante da morte.

Há outra passagem onde ele também chora, e que acontece depois da ressurreição de Lázaro. Na continuidade da história ele se dirige a Jerusalém poucos dias antes de ser entregue àqueles que querem matá-lo. Jesus vai para as festas que estavam acontecendo ali e veja que curioso o que acontece em seguida. João fala sobre isso em seu evangelho, mas é em Lucas, capítulo 19, versículo 28 que lemos: "E, dito isso, ia caminhando adiante, subindo para Jerusalém. E aconteceu que, chegando perto de Betfagé e de Betânia, ao monte chamado das Oliveiras," este monte geograficamente está acima de Jerusalém. Quem estivesse no monte das Oliveiras enxergaria Jerusalém de cima, teria uma visão do alto. "ao monte chamado das Oliveiras, mandou dois dos seus discípulos, dizendo: Ide à aldeia que está defronte e aí, ao entrardes, achareis preso um jumentinho em que nenhum homem ainda montou; soltai-o e trazei-o." Versículo 35: "E trouxeram-no a Jesus; e, lançando sobre o jumentinho as suas vestes, puseram Jesus em cima. E, indo ele, estendiam no caminho as suas vestes. E, quando já chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas! E disseram-lhe dentre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os teus discípulos. E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão. E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas, e te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação." Perdeu a sua oportunidade, é o que ele está dizendo aqui. Ele chora quando vê Jerusalém.

Chorou quando ficou na frente de um túmulo, quando viu, não só a morte do homem como consequência do pecado, que é por si só, uma coisa terrível, mas pensou também no que ele iria passar, quando fosse entregue para ser morto. Mas agora, nesta situação no Monte das Oliveiras, o que ele sente e porque chora? Para entendermos, devemos recorrer mais uma vez aos Salmos, e dessa vez, ao 42. Ele está sendo recebido em Jerusalém com júbilo. Entrará ali como um rei. Mas não como um rei romano, que entrava nas cidades com todos os seus cavalos e exércitos poderosos, e sempre trazendo no final dessa procissão, um grande grupo de prisioneiros cativos acorrentados, que vinham de várias nacionalidades e que os romanos faziam questão de mostrar nessa entrada triunfal, o que aconteceria àqueles que não se submetessem ao seu poderio. Mas aqui, em nosso versículo, entra esse rei que é o Senhor dos senhores, Criador do Universo, montado num jumentinho. Este homem entra da forma mais humilde possível, e mesmo assim, é aclamado pela multidão. Vemos no Salmo 42, no versículo 3: "As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?" Ele iria escutar isto também quando estivesse pregado na cruz, e aquelas pessoas iriam zombar dele. Porque Deus não vinha salvá-lo? "Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à Casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença. Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto, lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde o Hermom, e desde o pequeno monte. Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim." Podemos entender que as lágrimas que vieram novamente nesta cena, em frente a Jerusalém, significavam que aquela nação perdera a sua oportunidade quando rejeitou o seu Messias.

O Senhor Jesus olha para nós, suas criaturas e tem todo o motivo do mundo para chorar, porque ele vê a ruína em que nos encontramos, vê como o pecado nos castigou e nos transformou em caricaturas daquilo que Deus tinha planejado para a humanidade. Ele sabe como o pecado vai nos levar à morte e como a morte nos levará ao juízo, porque toda alma que pecar esta morrerá, a própria Bíblia diz. E todos pecamos, sem exceção. Nenhum de nós pode dizer que não tem pecados, somos todos, sem exceção alguma, pecadores. E a morte do pecador será seguida do juízo, porque Deus não pode agir como a nossa justiça humana, cheia de falhas, age. Indignamos-nos às vezes quando lemos notícia de corrupção, de crimes que não foram devidamente julgados, quando lemos que criminosos saíram livres, ficamos indignados com isto, e queremos até mesmo, fazer justiça nós mesmos. Mas se nós, que somos tão imperfeitos nos sentimos assim, imagine como se sente Deus em relação ao pecado, às afrontas que cometemos diante dele. Deus não pode deixar de nos julgar, porque Ele é o justo juiz. Não é falho como os homens. Logo, o pecado demanda um juízo, demanda um castigo. Porém, o que Deus em sua imensa bondade, fez para não castigar suas criaturas? Enviou o seu próprio Filho à morte de cruz, este que é o evento mais importante e que o próprio Senhor Jesus nos pediu que lembrássemos. Quando lemos em várias passagens da Bíblia, onde ele diz - fazei isto em memória de mim. Note bem, em nenhum momento na Bíblia é dito para lembrarmos o Natal, o nascimento de Cristo, mas para lembrarmos-nos de sua morte, porque é isso o que importa. Porque ao morrer na cruz, Jesus tomou sobre si todos os pecados daqueles que creem nele, e foi castigado como um substituto para que esses pudessem ser salvos e libertados da morte e do juízo.

Por isto que a morte de Cristo tem toda essa importância. E por isso ele chora diante da morte de Lázaro, derramando suas lágrimas também diante da perspectiva que tinha para ele mesmo, de entrar na morte, num terreno totalmente estranho para Deus. E é por isso que chora por uma cidade que perdeu sua chance. Como você acha que Deus se sente quando uma alma, que ouvindo o evangelho da salvação, ouvindo que basta crer em Jesus para ser salva, rejeita e perde sua chance? Despreza essa grande oportunidade e diz que vai resolver isso depois, que agora tem coisas mais importantes pra fazer, que precisa comprar alguns presentes... Qual você pensa ser o sentimento de Jesus? Não é diferente hoje. Não mudou. Ora, Ele chora, assim como fez ao ver aquela cidade que o aclamava com festa, dando a impressão de que estava tudo bem. Ele sabia que eles iriam rejeitá-lo depois, e chora sobre aquela multidão assim como chora hoje, de forma figurada, por todo aquele que o rejeita, por todo aquele que coloca a sua própria salvação como uma coisa a se resolver depois. Quando a coisa mais importante deveria ser Cristo! Que vai aparecer mais uma vez, agora em Hebreus, capítulo 5, versículo 7: "O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia." Mas, como? Ele estava morto! Como pode ter sido ouvido se ele morreu? Aqui, porém, não está sendo dito aquele que o podia livrar de ser morto, mas aquele que o podia livrar da morte, tirá-lo daquele lugar de morte. Foi este lugar que o fez estremecer no jardim do Getsêmani. Antes de ir para a cruz, ele orava e gotas como que de sangue escorreriam do seu rosto, de tanto pavor diante daquilo que ele teria que passar. Versículo 8: "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem" Sendo consumado, sendo morto, sendo tirado dele todo o seu sangue, tudo o que aquela pessoa era acabando ali e que veio a ser a causa de salvação.
Deus o ouviu e o tirou da morte na sua ressurreição. E é isto que hoje Deus promete a todo aquele que crê em Jesus como seu Salvador. Aquele que obedece, como fala o texto. Isto pode até soar como uma salvação baseada em modo de agir, ou em modo de proceder, mas não é isso do que se trata. Temos outras passagens que nos falam da obediência que provém da fé. Da fé em Cristo que salva, a fé em Jesus e na sua morte e não no seu nascimento.

É muito bonito no Natal vermos as lâmpadas piscando pela cidade, pessoas trocando presentes, mas nada disto podia nos dar salvação. Se Jesus tivesse nascido neste mundo, feito milagres, ensinado coisas maravilhosas e subido ao céu sem passar pela morte, não existiria um ser humano salvo. Jamais! Ninguém teria esperança de ir ao céu, a menos que ele morresse e derramasse o seu sangue como substituto no lugar do pecador para pagar pelos nossos pecados.

Era esta a mensagem que eu gostaria de deixar. Lembrar que aquilo que é importante para Deus, aquilo que foi importante para Jesus, deveria ser o que é importante também para nós hoje. A morte como algo que, realmente o homem deve temer e a perda da oportunidade de se salvar como algo digno de se chorar. Porque nunca sabemos quando se fechará esta porta da oportunidade.

Transcrição do áudio e revisão do texto por José Lima, Bel Fusaro e Nina Sena