http://files.3minutos.net/Esperanca-Mario-Persona.mp3
https://youtu.be/PNtUCrHHQMA
https://youtu.be/PNtUCrHHQMA
Esperança
Mario Persona
Todo ano eleitoral vemos a fé e a esperança
se renovarem nas pessoas. Elas esperam que algo mude; que as coisas melhorem e
isso é muito bom! É bom ter esperança. Eu queria falar um pouco sobre isso. Esperança
é basicamente um desejo muito profundo no coração. Você quer que se realize; quer
obviamente que as coisas saiam conforme você gostaria. Nesse sentido, a
esperança de um governo melhor no país é muito válida. Entretanto, essa é uma
esperança que dura apenas quatro anos. Alguém que a nutre fica muito contente
quando seu candidato vence as eleiçoes; mas talvez fique muito decepcionado
caso ocorra o contrário. De qualquer forma, por melhor que seja a situação e
por melhor que seja o atendimento às suas expectativas, no final dos quatro
anos acaba.
O ser humano tem esperança porque foi criado à imagem
e semelhança de Deus; os animais, por sua vez, não. Nunca vimos uma vaca
esperando por melhores pastos, por exemplo. Já o homem possui sentimentos
dentro de si e busca a realização de seus anseios. E Deus também. Por incrível
que pareça! Deus tem um desejo ardente em seu coração e espera que ele se
concretize.
De maneira geral, o nosso jeito de encarar a vida depende
fortemente das nossas esperanças. Considere alguém que trabalha o ano inteiro,
oito horas por dia; a expectativa das férias ao final desse período é grande. Essa
pessoa fica pensando no verão, em quando finalmente irá à praia com a família e
sua esperança até mesmo a motiva a trabalhar, pois assim ela poderá tirar suas férias.
Mas, quando ela está na praia, mesmo que se concretize o que ela esperava: o
céu azul; o sol maravilhoso; a cerveja bem gelada; o camarão bem fritinho e
muito gostoso; mesmo assim, sempre faltará algo e
por melhor que seja a concretização daquela esperança prévia, ela ainda poderá
pensar: “e se, em vez do camarão eu tivesse comido peixe? Ou se tivesse ficado
naquele outro hotel, não seria melhor?”. Portanto, sempre faltará alguma coisa.
E ainda que essa pessoa considere tudo perfeito ou melhor até do que ela
esperava, ano que vem virão novas férias, novas esperanças... Porém um dia,
essa pessoa ao chegar à praia, nem sol poderá tomar porque teve um câncer de
pele; cerveja muito menos, pois o médico proibiu qualquer álcool; já o
colesterol está muito alto e ela não pode mais comer camarão. E ela lá na
praia, vai estar achando tudo uma droga!
Imagine agora que há duas pessoas num aeroporto para
embarcar num voo internacional. Uma delas está muito feliz, super animada e
conversando com todo mundo porque está indo ao exterior pela primeira vez. Ela
vai para um lugar maravilhoso passar suas férias maravilhosas. E ali mesmo
existe uma segunda pessoa, triste, amargurada e sofrendo porque está indo
buscar o corpo de um familiar falecido no exterior e terá que fazer o traslado.
As duas pessoas tem uma esperança. Vemos, porém, que essa esperança muda
completamente conforme as circunstâncias. A primeira pessoa não vê a hora de
entrar no avião; diferentemente da segunda. Ambas viajarão para o mesmo país; as
circunstâncias são as mesmas. Mas, o que cada uma espera quando chegar ao
destino é que vai determinar como elas viverão aquela realidade. Então, a
esperança tem um impacto muito significativo. O modo como vivemos, nosso humor,
alegria ou tristeza, tudo isso vai girar em torno da esperança.
Outro ponto importante é que nossas esperanças, vontades
e interesses mudam conforme a idade. Nós vamos aprendendo que, por mais que
nossas expectativas se concretizem, sempre vai ficar faltando alguma coisa.
Antes dos 18 anos o objetivo é atingir a maioridade para
tirar carteira de motorista. Mas chega um momento, quando se tem que levar um
filho à escola, por exemplo, em que você fica procurando alguém que possa
fazê-lo para você, uma vez que você já não aguenta mais dirigir. Quando jovens
pensamos: “eu tenho esperança de seguir uma carreira; vou estudar, vou me
formar!”. E a pessoa estuda para torna-se advogado, médico, engenheiro, etc até
que um dia ela se forma. Pronto! Atinge seu objetivo. Então ela acredita que ao
sair da faculdade, todas as portas hão de se abrir para ela e sua próxima esperança
é arrumar um emprego. E ela espera... “Quando eu tiver um emprego, aí sim, tudo
será maravilhoso!”. Ela consegue o emprego e vê que não era tudo isso. Mas enquanto
ela é jovem, ainda pode cultivar suas esperanças e assim acreditar que, ao
concretizá-las, ela será feliz. Afinal, o objetivo do
ser humano é ser feliz; todos querem ser felizes. Nós colecionamos essas
esperanças todas ao longo da vida com o objetivo de sermos felizes. O problema
é que nós envelhecemos. Enquanto se é jovem é fácil, “eu vou fazer; eu vou
acontecer; vou isso; vou aquilo”. Então você ouve de alguém: “olha rapaz, se
prepara porque não vai ser tudo isso quando você tirar a carteira de motorista;
ou quando você se formar; ou quando você arrumar emprego... ‘Mas comigo vai ser
diferente!’. Está bom. Com você vai ser diferente; com todo mundo é de um jeito,
mas com você vai ser diferente...”.
Porém, com o passar dos anos essa pessoa descobre que por
mais esperanças que tenha, não há tempo para vê-las todas concretizadas. Então,
ela poderá se tornar ou cética; alguém rabugento que vai destruir os sonhos
alheios e jogar um balde de água fria nas pessoas, “isso não vai dar certo;
isso é bobagem; eu tentei isso quando era jovem e não funcionou”, ou ela poderá
se tornar totalmente indiferente, vivendo como uma pessoa autômata porque suas
esperanças não se realizaram. Ela vai viver por viver, apenas aguardando a
morte, que é o fim da jornada.
Todas essas questões são intrigantes. Por que será que
as expectativas do homem vão sempre além da sua capacidade de concretizá-las? E
ainda que tudo dê certo, a idéia do “poderia ter sido melhor” sempre prevalece;
“Faltou alguma coisinha”. O que é isso afinal? Tem
uma passagem na Bíblia que diz que Deus colocou o mundo no coração do homem;
outra tradução fala que Deus colocou a eternidade no coração do homem. Portanto,
o grande problema é que nós temos um desejo no coração que não é realizável nesta
vida; é impossível! Uma autora ateia que escreveu um livro e logo após tentou
suicídio, afirmou em sua obra que Deus de fato teria colocado essa centelha de esperança
no coração do homem. Ela supõe que Deus assim o fez porque queria zombar do
homem, deixá-lo muito decepcionado e ao final de tudo, rir dele. Essa é a ideia
de um cético; de alguém que provavelmente teve suas esperanças frustradas e
virou aquele tipo rabugento que mencionei. Mas por quê então nós temos essa
centelha? Por quê esse desejo profundo em nosso coração? Porque Deus colocou. É
por isso que gostamos de lendas; por isso que nós gostaríamos de ser o Peter
Pan; o garoto que nunca envelhece. Certamente nesta sala há muitos que gostariam
de não envelhecer. Mas nós envelhecemos. Vemos as rugas no espelho e queremos consertar
aqui ou ali, fazer alguma coisa. Mas Peter Pan não envelhecia. Olha que coisa
maravilhosa! Nós gostamos de uma história assim. Ele voava! Quem não queria
voar? Quem nunca sonhou em voar? Eu já tive sonhos incríveis, nos quais eu
podia voar e na hora de acordar, “ah, acabou... Estava num vôo tão gostoso,
fazendo acrobacias”. Quem é que já não quis ser a Bela Adormecida? Aquela que é
tirada de um sono profundo de morte por um beijo de um príncipe encantado. Quem
nunca sonhou em ser a Cinderela? Aquela que trabalhava duro, escravizada por
suas irmãs malvadas e depois viu seus sonhos se realizarem, a abóbora virar
carruagem e o sapato de cristal lhe ser calçado por um príncipe encantado.
Nós gostamos de ficção. Isso porque ela nos leva para um
lugar fora da terra. Quem aqui nunca pensou em conversar com um extraterrestre?
Nós gostamos de ver filmes de extraterrestres; alguém vem, abre a porta da nave
com muitas luzes... Toda ficção encontra lugar cativo no coração do homem e
essa foi inclusive uma das razões da conversão de um famoso autor britânico,
C.S.Lewis, que era professor em Oxford. Ele era ateu e conversava muito com um
colega, cujo sobrenome era Tolkien. C.S. Lewis foi o autor de “Crônicas de
Nárnia” e de vários outros livros. Tem um inclusive muito conhecido chamado “Cristianismo
puro e simples” e nesse livro ele discorre alguma coisa a respeito desse
assunto. Ocorre que C.S. Lewis tinha um programa de ateísmo no rádio antes de
se converter e Tolkien, seu colega em Oxford, que era cristão convertido, explicou
a ele essa particularidade do desejo humano de
querer viver as lendas, as fantasias. Ambos escreviam bastante ficção, já que isso
é inerente ao ser humano porque não somos deste planeta. Não fomos criados para
ficar aqui. Logo, as nossas esperanças estão fora daqui. Dessa forma, enquanto
nutrirmos uma expectativa que é daqui, seremos frustrados. Sempre faltará algo.
Pensemos agora naqueles que se apegam a uma certa esperança
“cristã”. Refiro-me àquela esperança genérica; não à bíblica. “Se eu viver uma
vida correta, honesta, fazendo tudo direitinho, eu vou ser feliz! Sem doenças, sem
acidentes, sem perseguição, sem problemas. Porque afinal eu sou correto! E obviamente
Deus cuida dos corretos. Não deixa nenhum mal acontecer para esses”. É? Não
conheço ninguém mais correto que o Senhor Jesus! Vamos agora refletir um pouco sobre
o que aconteceu com Ele. Que vida Ele levou aqui? Não foi uma vida fácil, tranquila;
mas de muito sofrimento, muita perseguição e que culminou na sua morte na cruz.
Pense agora na vida de Paulo, o apóstolo, ele que era um homem. Falamos agora
de um homem; não do Deus e homem, que é Cristo. Paulo, um homem cristão,
sincero na sua fé e que nos legou a maior parte do Novo Testamento em suas
epístolas. Pense na vida dele. Ele vivia corretamente, procurava andar de forma
direita. Mas quanto ele sofreu! Quanto apanhou! Apedrejado, sofreu naufrágio,
assalto e morreu decapitado (não está na Bíblia, mas sabemos pela história e
pela tradição que ele teria morrido decapitado). Portanto, essa esperança de
que “se eu fizer tudo direitinho eu vou ser feliz” está furada! Pois ninguém
está isento de sofrer neste mundo. Este não é o nosso lugar. Não é o lugar que
Deus preparou para o homem. Ao menos não na condição atual, na qual o mundo se
encontra: deturpado, corroído e corrompido pelo pecado. Quando Adão caiu em
transgressão, ele quis andar em rebelião contra Deus, independente d’Ele. Consequentemente,
o mundo tornou-se o que vemos hoje nas páginas dos jornais. Qualquer um desses
da nova era, que acredita que tudo está maravilhoso, não está lendo os jornais.
Leia e veja o que está acontecendo! Os crimes só aumentando, a todo momento
estouram guerras... Portanto é falsa a esperança de que, se eu andar direito, tudo
dará certo comigo. Isso é superstição; não é cristianismo! Neste mundo não
existe segurança e não existe paz. Não existe isso neste mundo! Mas continua
existindo aquele anseio dentro de nós.
Vamos abrir a passagem que fala de esperança na carta
de Paulo aos Efésios. Veja bem, ele está escrevendo a cristãos. Logo, qualquer
incrédulo que escutar essa mensagem, qualquer um que ainda não tenha se
convertido a Cristo, não é possuidor de tais promessas. Mas, como se converter
a Cristo? Crendo no evangelho! Que é a mensagem mais maravilhosa do mundo
porque é a mais simples: creia que Jesus veio ao mundo em carne e sem pecado;
andou aqui como o único homem perfeito que já pisou neste planeta; foi até a
cruz e ali foi abandonado por Deus; massacrado primeiro pelos homens durante
três horas e nas três horas seguintes ficou em trevas na cruz; recebendo o
juízo de Deus devido ao pecado que Ele nunca cometeu; mas nós! Na cruz Ele morreu
para pagar pelos nossos pecados. Essa obra Deus fez! Fez através de Cristo porque
não encontrou nenhum homem justo no mundo. “Todos pecaram e todos estão
destituídos da Glória de Deus”, declara o apóstolo Paulo na carta aos romanos.
Todos pecaram, sem exceção. Assim sendo, Deus não podia salvar o homem baseado
em seu bom proceder porque não há quem bem proceda. E ainda que alguém se
sentasse numa cadeira e dissesse que não faria mal algum, ainda que
permanecesse amarrado a essa cadeira, mesmo assim, no “andar de cima”, no “departamento
cerebral” o que estaria acontecendo? Ali passariam os piores pensamentos! A
pessoa imaginaria matar o indivíduo que a amarrou àquela cadeira. Talvez ela
quisesse ir ao banheiro. Ela aguardaria que voltassem para desamarrá-la, mas
ninguém apareceria. Começariam os maus pensamentos... Então, por mais que você faça
ou não alguma coisa, você ainda é pecador. Você nasceu assim. Você é descendente
de Adão e por ter uma natureza pecaminosa, você peca constantemente. Se não o
faz com as mãos ou com os pés; então o faz com desejos, concupiscências, com a
mente e os pensamentos! Portanto, uma vez que Deus constatou que não havia
nenhum justo e ninguém que pudesse salvar-se a si mesmo, Ele entregou seu
próprio filho para morrer no lugar do homem pecador.
O evangelho é crer em Jesus! Crer que Ele morreu em
nosso lugar. Tomou sobre si os nossos pecados e pagou por eles na cruz. Crer
que uma vez pagos, não há mais o que pagar. Estamos libertos da pena. Podemos
gozar da salvação eterna porque Cristo derramou seu sangue. A Bíblia diz que o
sangue de Jesus nos purifica do pecado. Isso é o evangelho. E Deus, para
confirmar que aceitou a obra de Jesus, ressuscitou-O ao terceiro dia, quando
Ele saiu da sepultura, vivo! Num corpo ressurreto e que não morre mais. Um
corpo perfeito, cujas únicas imperfeições são as marcas em suas mãos, pés e no
seu lado. Jesus será o único no céu com cicatrizes para que nós nunca nos
esqueçamos que um dia Ele morreu na cruz. Ele apareceu a seus discípulos e
falou para Tomé (que incrédulo, pensava ver um espírito diante de si): “ponha
sua mão nas minhas mãos, no meu lado, veja que não sou um espírito”. É assim,
do jeito que Ele apareceu a seus discípulos, ressuscitado e em carne e ossos,
que Ele está no céu agora. Evangelho é simples: crer que Jesus me substituiu na
morte e no juízo para que eu possa ter um lugar no céu.
Mas vamos a passagem na epístola de Paulo aos Efésios,
capítulo 1:11: “nele, em Cristo, digo em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas
segundo o conselho da sua vontade (ou seja o propósito de Deus) com o fim de
sermos para louvor da sua glória. Nós, os que primeiro esperamos em Cristo, em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da Promessa, o qual é o penhor da nossa herança para redenção da
possessão de Deus para louvor da sua glória“. Essa passagem fala de muitas
coisas. Primeiro da nossa esperança. Onde está a esperança do crente? Em Cristo!
E como Cristo está no céu ressuscitado, como a promessa é que todo aquele que
crê tem a vida eterna; não entrará em juizo; não será julgado no juízo final e
já tem a vida eterna; como a promessa é essa, o cristão vive uma certeza todos
os dias: a de que ele vai, assim como Peter Pan, voar. Não vai envelhecer, porque
terá um corpo ressuscitado. Será acordado do sono da morte como a Bela
Adormecida e findará seu tempo de trabalho escravo como a Cinderela. Ele vai
estar com Cristo na glória, vai conversar com o próprio Senhor Jesus no céu, vai
falar com os anjos em volta, vai adorar a Deus e vai conversar com as pessoas
que já partiram e estarão também ressuscitadas no céu! Todos os anseios de
ficção que as pessoas, mesmo as incrédulas, trazem no coração se cumprem na
vida do cristão. Ele vive com a certeza da esperança na glória. Por isso o
cristão pode sim ser feliz, pode sim saber que vai chegar na presença de
Cristo. E aqui fala que “Deus fez todas as coisas, segundo o conselho da sua
vontade (versículo 12) com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os
que primeiro esperamos em Cristo”.
Então onde está a sua esperança? Está no seu emprego;
na sua carreira; num casamento; numas férias; numa eleição? Se a sua esperança
está nessas coisas, então eu sinto em dizer que essa é uma esperança pobre e
limitada; com data de vencimento. Como quando abrimos a despensa, vemos os
alimentos que já venceram e precisam ser jogados fora. Um dia nós temos que
jogar fora nossas esperanças... Já jogamos muitas delas. Creio que todos aqui
já jogaram esperanças fora. Estavam “vencidas”. Não funcionou, não deu certo e,
se deu certo, não foi aquela coisa também. No entanto, a esperança do cristão
nunca morre; porque ela é viva. A esperança do cristão é Cristo! E Ele ressuscitou!
A esperança do cristão ressuscitou! Esperamos em
Cristo. Essa esperança é permanente; conforme o versículo 12, “para louvor da
sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo, em quem também vós estais
depois que ouvistes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa Salvação”. Por
isso, para se ter essa esperança é preciso ouvir o evangelho. “Mas eu sou
mulçumano”, sinto muito amigo, mas aqui diz que precisa ouvir o evangelho. “Sou
budista. Não vai ter nada depois que morre. Desaparece a individualidade, fica
tudo uma massa só”. Ah é? Péssimo para você. A Bíblia deixa muito claro que
Deus é um Deus pessoal e cada salvo manterá a sua individualidade por toda a
eternidade e cada um terá um novo nome. E nome é algo que você tem e que você
preza, porque ninguém tem igual nome; é o seu; a sua identidade. E o cristão
vai ter uma!
Continuando: “o evangelho da vossa salvação, tendo
também nele crido”, então é preciso crer. É preciso crer no evangelho, nessa
boa notícia: que Cristo pagou os meus pecados e não há nada que eu precise
fazer para ser salvo porque Ele fez o que tinha que ser feito. Era uma questão
judicial; não de se cumprir etapas, obras, de reencarnar ou de fazer qualquer
coisa; mas era uma questão judicial. Existia um réu que precisava ser
condenado. Veio um substituto perfeito e disse pra mim: “saia daí Mario. Eu
quero sentar na cadeira de réu!”. Ele sentou-se onde eu devia estar sentado e recebeu
o castigo; foi condenado no meu lugar. Isso é o evangelho e é preciso crer.
“E tendo nele também crido (Efésios 1:13) fostes
selados com o Espírito Santo da promessa”. Portanto, aquele que crê em Cristo é
selado com o Espírito Santo e não se perde mais. Quando enviamos uma carta, às
vezes ela se extravia. Mas o cristão jamais poderá “se extraviar”. Ele pode até
fazer besteiras na vida, mas Deus tratará com ele como filho, pois Deus será o
seu pai. Depois que nascemos de novo, nos tornamos filhos de Deus pela fé em
Cristo e nunca mais vamos “nos extraviar”. Passamos a ser como uma carta, com o
endereço e selo do céu. Essa carta vai chegar lá! Existe alguém muito interessado
em que ela chegue; existe alguém mais interessado em que eu chegue no céu do
que eu mesmo! Por mais incrível que possa parecer. A minha intenção de chegar
no céu é muito egoísta, egocêntrica. Quero ir para acabarem os meus problemas, para
resolver tudo e ficar lá muito tranquilo. Mas há alguém que deseja que eu
chegue no céu e é por isso eu vou chegar. É o que lemos em: “o Espírito Santo
da promessa (versículo 14) o qual é o penhor da nossa herança para redenção da
possessão de Deus para louvor da sua glória“. Deus tem uma possessão, um
tesouro que foi comprado pelo seu filho. Nas parábolas de Mateus (capítulo 13)
há uma sobre um homem que encontra uma pérola de grande valor. Ele a compra
para si; é dele agora. E tem outro que descobre um tesouro no campo e compra o
campo inteiro para ficar com aquele tesouro; é dele. Do mesmo modo, aqueles que
crêem em Cristo são possessão de Deus; um tesouro d’Ele!
Sabemos que é comum um milionário comprar uma obra de
arte; ele vai a um leilão e arrebata uma daquelas obras de milhões de dólares. Depois
de comprá-la, ele chega em sua casa e a põe num lugar, ascende uma lâmpada
especial, liga um climatizador, senta-se numa poltrona de frente para a tal
obra e fica olhando para ela. Ele tinha tanto desejo daquilo que agora e ele
possui, ele fica contemplando, porque gosta muito do que conseguiu comprar. Deus
nos comprou pagando com Cristo, e Cristo pagou com seu próprio sangue, a fim de
nos resgatar para Deus! Então aqueles que crêem, são possessão de Deus; são
essa obra de arte que Deus observa e está esperando o momento de sentar-se numa
poltrona e ficar olhando para aqueles que Ele comprou; essa preciosidade que
Ele resgatou com o sangue do seu próprio filho. Por essa razão, quem está muito
mais interessado em que eu chegue no céu é Deus; mais do que eu mesmo! Porque
quando creio em Cristo, passo a ser tesouro d’Ele; passo a ser um daqueles que
Ele salvou. Por isso Ele quer que eu chegue lá. “Redenção da qual o Espirito
Santo é a garantia”. Eu sempre penso no Espírito Santo como garantia para mim;
mas é uma garantia para Deus. Tem um supermercado perto de casa com uns
armarinhos. Vou com uma sacola, coloco uma moeda, viro e sai a chave e eu entro
no mercado com aquela chave. Ela é a garantia de que eu vou poder resgatar as
minhas posses que ficaram naquele armário. O Espírito Santo está na terra (hoje
habitando nos salvos) e Ele vai subir junto com eles até a casa do Pai para
sempre permanecer com Ele. Deus tem uma possessão e esse tesouro são aqueles
que creem em Cristo. Se você ainda não se converteu, não creu em Jesus como seu
Salvador, então você não faz parte do tesouro de Deus; não faz parte da pérola
preciosa que Deus quis comprar neste mundo.
Agora, no mesmo capítulo 1, versículo 18, Paulo vai
falar para esses cristãos de Éfeso, exortando-os e animando-os a olharem para a
esperança que eles têm; mas um olhar que é muito interessante. Veja o versículo
18: “tendo iluminados os olhos do vosso entendimento para que saibais qual seja
a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória, da sua herança nos
santos“. Uma outra tradução de John Nelson Darby fala: “tendo iluminados os
olhos do vosso coração“, porque isso é uma coisa muito emocional, você olhar
para as promessas iluminadas de Deus, como eu falei do que compra a obra de
arte e a ilumina. Quando nós olhamos para essas promessas de Deus, iluminando
os olhos do nosso coração, é como se olhássemos para o sol. O que acontece
quando olhamos para uma luz muito forte? Aquilo resplandece. Que luz incrível,
tremenda! É essa maneira de “se olhar com os olhos do coração na esperança da
nossa vocação”, na esperança da vocação que Deus reservou para aqueles que crêem
em Cristo. Olhar como uma coisa brilhante. Como o farol quando o navio está no
mar, perdido numa noite escura, numa noite de
tempestade. Nesse cenário, a maior alegria dos marinheiros é ver um farol. Quando
eles vêem a terra que está lá, uma cidade iluminada ou qualquer coisa
iluminada, essa luz é motivo de alegria porque eles sabem que poderão ser
salvos. Eles vêem uma luz numa noite escura. Cristo ilumina hoje nossos
caminhos para vermos de onde vem a nossa esperança; onde está a nossa vocação, nossa
cidadania, nosso chamado celestial. Todavia, para aqueles que já creram em
Cristo como Salvador. Entenda isso! Essa mensagem é reservada para os que creem
em Cristo. Alguém pode falar: “mas isso é discriminação!”, então creia! É só crer.
Não tem que pagar nada; não tem que comprar ingresso. Tem que aceitar; apenas
aceitar que Cristo morreu por você na cruz.
Mas continuando: “para que saibais qual seja a
esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos
santos“. Interessante. Às vezes eu lia e pensava que a herança era minha, mas
não, é herança de Deus nos santos. Deus olha os santos – é muito importante
entender a palavra santos; não é aquilo que aprendemos no catolicismo, “santa é
uma pessoa boazinha”. Não! Santo é um separado para Deus. Quando uma pessoa crê
em Cristo, ela se torna santa porque Deus a separa. Ele comprou essa pessoa com
o sangue de Cristo. Ela creu no evangelho e aceitou a Jesus como seu Salvador
pessoal. Então Deus pega essa pessoa e fala: “está bom, agora você me pertence,
eu separei! Está purificada de todos os seus pecados”. É como lavar louça; na
hora de lavar você a santifica. “Mas como assim, santifica a louça? Que
blasfêmia!” Ora, você separa a louça. Tem aquela suja, você separa, lava e põe
junto com a suja? Não, você coloca do outro lado da pia junto com a louça
limpa. Isso é separar do sujo para o limpo. Deus faz isso quando salva uma
pessoa que crê em Jesus. Ele a torna santa porque ela é separada; é colocada
agora num novo patamar: o de salva; de propriedade de Deus.
A esperança de Deus, o desejo que Ele tem é de um dia
nos encontrar; de um dia nós estarmos na sua sala (vamos chamar assim) e Ele
olhando para nós. Não vai ter maior alegria do que essa: olhar para nós; porque
Ele verá aqueles por quem o Seu Filho sofreu. E Cristo também verá. Em Isaías
53 diz a respeito de Cristo; que Ele verá o penoso trabalho de sua alma e ficará
satisfeito. Que obra de arte Ele vai ter para contemplar; todos os seus salvos
no céu! Satisfeito com quem? Com aqueles pecadores perdidos que um dia Ele
resgatou da lama, que tirou do lixo, lavou, limpou, separou e colocou na
glória, lá em Cristo Jesus! Deus está mais interessado na sua salvação do que
você mesmo. A maioria das pessoas vai a Cristo por motivos egoístas: “eu vou
porque estou com uma dor, estou com medo de morrer”. Amigo, Deus está interessado
que você seja salvo e o único empecilho é você mesmo, que tem que crer e
aceitar Jesus. Creia n’Ele!
Mas vamos a mais um versículo agora para encerrarmos. No
capítulo 2 da mesma carta aos Efésios, versículo 11: (agora ele continua
falando para pessoas que já haviam se convertido, lembrando isso) “portanto
lembrai-vos de que vós no outro tempo éreis gentios na carne e chamados
incircuncisão pelos que na carne se chama circuncisão feita pela mão dos
homens“. Ele está falando dos judeus, gentios em relação aos judeus. Porque os
judeus são um povo que Deus escolheu desde a fundação do mundo, deu a eles toda
Palavra, os oráculos, as profecias e tudo mais; uma adoração completa. Porém
esse povo rejeitou completamente a Deus e Ele os deixou temporariamente de lado.
Agora Deus está tratando com a Igreja, que é o corpo de Cristo, formado por
todos os que crêem em Jesus como seu Salvador em todo o mundo. No versículo 12
(e esse é importante) “que naquele tempo (ou seja, antes de se converterem) estáveis
sem Cristo“. Existe alguém aqui que ainda está sem Cristo? Porque alguém que não
se converteu, está sem Cristo; não participa de toda essa esperança, que é celestial;
não faz parte do tesouro de Deus; não faz parte da obra de arte que Cristo
comprou com seu sangue e não faz parte do resultado do trabalho de sua alma que
Ele verá e ficará satisfeito. Porque ainda não é d’Ele! “Estáveis sem Cristo,
separados da comunidade de Israel (e aqui se dirigindo a gentios que não eram
judeus) e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus
no mundo“. “Mas como não ter esperança? Eu tenho de comprar um carro novo!
Tenho esperança de casar, de ganhar dinheiro, de me aposentar, de tirar férias”.
Não tendo esperança! De que esperança Deus está falando? A de vida eterna!
Esperança que não acaba; que atende aos desejos mais íntimos e profundos do
coração; esperança que se concretiza e cuja realização é eterna. Não tendo
esperança... Então, atente bem pra isso: uma pessoa sem Cristo, não tem esperança!
Vemos os artistas de Hollywood. Eles lutam muito para chegar aonde chegam;
ganhar Oscar, e dai? Eles se matam! Se suicidam... Outro dia um que era
comediante, que tanto nos fez rir; durante anos fez muita gente se alegrar, se
matou! Sem esperança! Porque chegou aquele ponto, no cume da montanha e falou: “não
tem nada aqui! Fui enganado!”. Tudo aquilo que ele buscava não existia! Era um
pote de ouro no final do arco-íris e não tinha nada! Chegou lá e nem arco-íris
tinha mais. “Não tendo esperança“, e isso Deus diz na sua Palavra para os que
estão sem Cristo.
Qualquer coisa que você espera é vapor. Vai se
dissipar e vai deixar você na mão; sem esperança e mais, sem Deus no mundo! Aqui
entra o ponto principal: para que você pudesse crer no Evangelho, ser salvo, ter
esperança e ter Deus no mundo, Cristo precisou ficar no mundo sem Deus. O único
homem no mundo que ficou em trevas absolutas e que recebeu nesta vida o juízo
eterno foi Cristo! Ele ficou sem Deus nas três últimas horas na cruz quando
clamou “Deus meu, Deus meu, por quê me abandonaste?”. Sem Deus! Aquele que na
eternidade sempre teve comunhão perfeita com o Pai, o Filho Eterno de Deus.
Deus é Pai, é Filho e é Espírito Santo. Não tente
entender isso; mas a Bíblia diz que é! A Trindade é uma coisa fantástica! Falamos
muito de amor; que Deus ama... Mas pense, se Deus não fosse Pai, Filho e
Espirito Santo, não existiria amor eternamente. Afinal de contas, na eternidade
passada, antes de Deus criar qualquer outro ser, quem Ele amaria? O amor exige
um objeto a ser amado. E para ser amado, você tem que ter outro que ame. Portanto,
para Deus na eternidade o amor já existia entre o Pai e o Filho; o amor estava
ali. Sempre! “O Pai me ama”, o Senhor Jesus fala no evangelho. Se não fosse
assim, o amor não existiria; teria começado quando Deus criou o primeiro anjo.
Então Ele teria alguém para amar; mas não! O amor já existia na eternidade,
entre o Pai e o filho. Porém na cruz, “Deus meu, Deus meu, por que me
abandonaste?“. Sozinho, em trevas, sem Deus no mundo. Cristo ficou sem Deus no
mundo para que eu e você pudéssemos ter Deus no mundo; pudéssemos viver nesta
vida já com Deus, com esperança, com certeza de vida eterna e sabendo que
fazemos parte de uma obra preciosíssima, caríssima e que custou o sangue de
Cristo. Não deixe de participar desta obra pela fé em Jesus!